Vontade, gosto e busca

Eu não acredito em amores eternos... Pessoas podem nos acompanhar para sempre. Podem nos abraçar, nos dar carinho, cuidar de nós... Mas não acredito que seja necessariamente por amor. Há outras coisas numa relação. Há razões mais importantes a considerar: razões visíveis, razões concretas e palpáveis... Aqueles que nos seguem para qualquer lugar, será que vão exclusivamente por amor? Por toda vida queremos preencher um vazio que existe em nós, e nos prendemos demais às opiniões, às teorias, aos deuses, aos outros... Ninguém pode fazer o que realmente quer. Falar o que realmente quer. Ser o que realmente quer... Nos prendemos a uma pessoa, e forjamos um único romance. E se experimentarmos além disso, somos taxados de desleais, e ninguém mais nos dará confiança. Ninguém! Então, fingimos. Dissimulamos constantemente... E estamos sempre à procura de um pretexto, para continuarmos sendo, exatamente, como o mundo nos obriga a ser, como os outros nos manda, como o nosso par nos pede... Em troca, obrigamos, mandamos e pedimos. Até encontrar alguém disposto a aceitar a nossa vontade; alguém que combine com o nosso gosto; alguém que esbarre em nossa busca... Então, fazemos do imprevisto, nosso relacionamento, e pomos no inesperado, a nossa insaciável pretensão de amar... É por isso que não acredito. Não, eu realmente não acredito em amores eternos... Apenas em destinos comuns; em relações duradouras; em longos convívios... Mas por conveniência, pela vontade, gosto e busca.