A Lenda do Metrô

A Lenda do Metrô da Província

“A diferença entre a verdade e a ficção é que a ficção faz mais sentido”. (Mark Twain)

Cabral chegou ao Brasil em 1500. Como já é de praxe, ele veio com uma comitiva com 1200 homens, muitos degredados (herança maligna para os nativos aqui existentes) e o escrivão Pero Vaz de Caminha. Este último escreveu uma carta ao Rei D. Manoel, relatando tudo o que encontrou nesta abençoada terra. Entre tantas coisas vistas ele contou que as pessoas existentes “eram pardas, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.” (Já imaginou se Caminha vivesse aqui nos dias atuais? Não ia querer mais sair daqui!) Ele disse ainda que não foram encontradas riquezas minerais, mas a fertilidade da terra era muito boa e que aqui plantando tudo dava. Contou também que Cabral, muito irritado, disse que a terra era muito extensa e queria um meio de se locomover com os seus súditos pelas vias terrestres; andar a pé, nem pensar!

Com a demora do correio da época quem recebeu a carta já foi o Rei D. João III. Para atender aos apelos de Cabral enviou uma equipe especializada em urbanização, comandada por Martim Afonso de Souza com o projeto de dividir as terras em Capitanias Hereditárias (regime muito comum até os dias hoje) e bolar um sistema moderno de transporte.

Para administrar as capitanias, o rei nomeou os donatários, dando plenos poderes. Podiam dar terras aos que quisessem cultivá-las, fundar vilas, nomear funcionários... Na justiça também seus poderes eram enormes. Podiam condenar à morte os escravos e pessoas comuns; quanto aos nobres aplicavam uma pena de prestação de serviços à comunidade, de preferência em sua empresa mesmo!Tudo dentro da lei, é claro!

Entretanto, o feito mais importante dos donatários, em especial, o da Capitania da Bahia de Todos os Santos foi “bolar” um meio de transporte urbano que já existia em outras províncias pelo mundo inteiro – o Metrô. E aí começou a construção... E entra rei, sai rei, volta o mesmo rei e a construção não acaba.

Diante do aspecto geográfico, político e social, este transporte que não se sabe se é subterrâneo, terrestre ou extraterrestre, continua inacabado desde essa época. Cava buraco, constrói elevados, o dinheiro acaba, o rei recebe denúncias de irregularidades, o donatário compra vagões, põe nos trilhos, tira dos trilhos, o tempo deteriora os vagões, o donatário anuncia a inauguração, prorroga inauguração. Enquanto isto as pessoas comandadas por este donatário continuam, tirando da sua velha capanga os trocados que ainda restam para pagar uma infinidade de taxas para ajudar nesta “coisa” que ninguém sabe para onde vai, por onde vai passar, se vai chegar a lugar nenhum e se vai chegar.E lá se vão 466 anos ! Quem viver verá!!!!!

11 de maio de 2011

GSpínola

GSpinola
Enviado por GSpinola em 06/06/2011
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