o produto do meio
O Produto do Meio
Certa vez me disseram que viver é uma arte, pois não nascemos aprendendo a viver, aprendemos o que é no decorrer de nossas vidas. Experimentamos as situações para aplicá-las na estrada do desenvolvimento, e os sabores que degustamos são para identificarmos na próxima vez que provarmos algo parecido, teoricamente seria assim. Porém vamos crescendo numa trajetória de símbolos que adotamos para usá-los dentro de cada situação que nos aparece, carregamos também alguns códigos que abrem e fecham espaços delimitados, construímos enigmas e fazemos jogos para testar nossas habilidades. Até sermos envolvidos no conceito de Marx de que o homem é produto do meio. E o pior é que realmente somos e, este meio lotado de inovações boas e ruins acaba por fazer com que soframos as mais incríveis mutações. Assim a arte mística de viver se torna uma difícil e complexa questão de entendimento social, principalmente a partir do momento que dentro deste meio o produto humano se torna algoz de si mesmo, como a máquina detratora do sistema que produz riquezas e quer dominar todos os cantos sacrificando brutalmente aldeias inermes fica no caminho do seu progresso. Ele precisa se manter no cume do poder, seu rótulo adquirido de dono deve ser defendido como honra a qualquer custo e, para isto ele vai usar de todas as armas que achar conveniente para se livrar de qualquer que seja a ameaça. Seu reino de absolutismo vai então começar a fazer pactos e mais pactos, e não contente apenas com seu gueto ele sai a usurpar outros espaços que julga merecedor, desta forma as armas usadas de maneira metafórica passam a ser literalmente instrumentos de eliminações reais. E certos meios de informações com suas políticas cosidas no cerne do capitalismo, não se interessam por fazer com que a mentalidade prostituída deste ser, volte à reflexão para enxergar o universo de maneira que não visualize apenas a disputa, que tenha na amplitude do ver, motivos mais nobres nas coisas da natureza onde possa nascer à crença perdida na fidelidade do outro e na parceria com o bem que ninguém se lembra mais onde ficou. Ao contrário disto tais órgãos comunicadores que precisam de audiência, querem vender a desgraça e explorar a hecatombe da vida em partículas de miséria que são cuspidas todos os dias em larga escala nos meios urbanos. Segundo Einstein o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. É nesta ótica do gênio da Física que paramos para respirar e contar até que os dedos se cansem o numero de pessoas executados na nossa um dia tranqüila Ilha de Vera Cruz. Um estudo do Ministério da Justiça informou em fevereiro que 137 pessoas são assassinadas por dia no país. As principais vítimas são os jovens e que cerca de 60% dos assassinatos ocorridos tem qualquer tipo de ligação com o tráfico de drogas. Sendo que a maior parte dos usuários de entorpecentes comete crimes unicamente para sustentar o vicio, geralmente roubam e furtam para pagar dividas com traficantes e as mortes são causadas por acerto de contas entre bandidos e dividas entre vendedores e usuários. Se perguntarem o que estamos fazendo efetivamente para contribuir na mudança deste cenário, talves diríamos que estamos colocando mais tijolos nos nossos muros e aumentando a voltagem da cerca elétrica, dizendo ao nosso filho que não ande com o fulano que tem um jeito de drogado. Enquanto isto outro corpo cai no morro do Alemão no Rio, mais um na Pedreira Prado Lopes de Belo Horizonte,Nas orlas praieiras de Recife e nas cracolândias Paulistas como se fosse natural. Não achamos um tempo para assumir que a realidade não é mais a pacata da Ilha da Fantasia lá nos tempos de Cabral, precisamos tirar a critica dos lábios e agir como forma de contenção da epidemia da matança.
Adilson Cardoso