O AMOR EM PARÁGRAFOS.
01 - FUTURO DUVIDOSO: A gente sempre se engana quanto ao futuro. Se a questão é o amor, mais nos enganamos tamanhos são os seus meandros e mistérios. Enganar-se no amor não significa sofrer nem apostar em relações eternas. Certo é que futuro que se preza nos trai com todos os requintes de perversidade ou de prazer, principalmente quando o mote é o afeto. O amor – como costumamos falar. A relação – como costumamos inferir por medo de verbalizarmos a paixão arrebatadora quando ela nos toma inteiros.
02 - EXPERIÊNCIA POUCO VALE: A missão de quem se entrega ao futuro apostando nas experiências acumuladas até pode servir de aparato. Experiência acumulada é boa para as relações de trabalho e outras dessa natureza. Nas questões do amor nada ou quase pouco nos somam as vivências, quando a gente se depara com um grande amor. Se não um grande amor na essência posto que só saberemos depois, mas no primeiro momento da paixão.
03 - OUTONOS ATEMPORAIS: Apaixonar-se na juventude tem um prisma todo favorável de expectativas. Nos outonos da vida, quando algumas “folhas” se preparam para cair em sucessivas etapas, novo universo de sonhos se estabelecem, concomitante sofrimentos e angustias existenciais. Não fosse atemporal, controvertido, extemporâneo, o amor não seria. Não fosse extasiador, não fosse arrebatador, o sentir de quem ama não seria sentimento, mas prisma de visão momentânea a cumprir metas de afeto.
04 - O LUDIBRIAR DO SENTIR: A gente sempre se engana quanto ao futuro. Este, na lógica do amor nos ludibria a todos. O futuro de quem ama é o amor em si, não o das convenções estabelecidas dentro do socialmente correto, embora possam até ser. Sem ser grande não seria essa contradição entre medo e destemor; entre orgulho e compaixão; entre dar e receber; entre ser e não ser; entre sair e nunca ter entrado; entre entrar sem nem mesmo ter saído.
05 - O AMOR E O AMADO: Da boca ao beijo; do tato ao contrato; do amanhã ao amanhecer; da tarde ao entardecer; da vida ao viver – eis que o amor se basta em si. Em nós nunca se sacia, como que a nos castigar nos seus meandros que à imaginação só compete duvidar. A certeza do amor é a certeza do amado. O amado não está em mim por mais que amemos. Em nós reside o nosso amor em mutação com o outro. Nosso ser amado por ser único se mistura no éter das nossas tenras ilusões como que nos prevenindo contra o sofrer; como que nos confortando com nacos de prazer esporádicos, mas infinitos. Mergulhar no amor só será amor se for inteira a imersão. De fora não se vê o fundo do mar. Há que se mergulhar para gradativamente se aproximar do fundo...