LABIRINTO
A primeira cidade grande que eu conheci foi Governador Valadares. Fiquei encantado com o Rio Doce cortando a cidade. Distraidamente me afastei muito da rodoviária. Se perdesse o ônibus das 17h30, só no outro dia poderia retornar ao meu pequeno rincão. A grana não daria para pernoitar numa pensão. Faltavam 20 minutos. As ruas transformaram-se num verdadeiro labirinto. Quanto mais pedia informação, mais me complicava. Comecei a suar frio. De repente me lembrei de um personagem que sempre se safava das situações mais esdrúxulas. Uma vez, ele, João Grilo, havia se perdido numa floresta. Arranjou umas raízes enormes e, astutamente pediu a um índio para levá-las a uma determinada pedra, que na realidade era o seu ponto de referência. Aconteceu então, que vi uma quitanda com uma enorme abóbora e uns garotos brincando ali perto. Comprei o bendito legume e paguei um garoto para levá-lo à rodoviária. O menino saiu correndo com a abóbora nas costas e eu segui seu galope. Quando chegamos, faltavam cinco minutos para a partida do meu expresso.O garoto me perguntou: “Moço, onde deixo a abóbora?”. Respondi-lhe prontamente: “Quer saber de uma coisa? Fique com ela. É pra você!”.