ROMANCE MÍSTICO
Nos anos 40 num longínquo sertão mineiro o índice de analfabetismo era muito alto. Essa chaga social brasileira era sinônimo de ignorância em todos os segmentos sociais. No meio rural, então, o analfabetismo era mais acentuado e o misticismo muito forte. Misturavam catolicismos, espiritismo e cultos afros, advindo daí crendices e supertições. Falavam em mal olhado, olho gordo e outras coisas do gênero. Os cultos afros praticados nos terreiros eram chamados de pembas. Os pais de santos, charlatões ou não, eram procurados para trabalhos, para o bem ou para o mal. Assim era o pensamento da época nos sertões de Minas Gerais. Minha opinião de cultos religiosos é de respeito.
Fiz esse preâmbulo para lembrar uma história que minha saudosa mãe contava. Tratava-se de um rapaz que se apaixonara por uma moça, mas por mais que tentasse conquistá-la, a reação dela era de indiferença. O rapaz resolveu procurar um pai de santo, para que o cupido flechasse o coração da moça. Fora preparado duas garrafadas, uma para a moça querer casar e a outra para o pai fazer gosto. Aconteceu uma confusão, o pai bebeu a garrafada da moça e a moça a do pai. E de repente o pai com ares de paixão falava: eu quero casar com Josééé!!! A moça aprovava: eu faço muito gosto papai!
Lembro-me de minha mãe contando e rindo mais que os filhos, que ouviam o caso.