Supervalorização dos jogadores
Em tempos em que o futebol dá mais ibope do que uma boa aula de solidariedade, quem lucra com tudo isso são os astros principais desta novela interminável. Os jogadores.
Cinquenta anos atrás, futebol significava alegria, diversão e muito suor. Os jogadores suavam a camisa para conseguir uma vaga no time. Jogavam em campos de terra, sem chuteiras profissionais e depois dos jogos voltavam para casa de ônibus. Muitos desses jogadores pagavam para estar no time.
Hoje em dia, o futebol é uma indústria que cresce a cada ano. Os jogadores não precisam mostrar que são bons de bola. Basta fazer uma boa partida para conseguir ótimos contratos.
Aos dezenove anos, muitos jogadores já ganham o que um médico jamais vai ganhar em toda a sua vida. Um profissional que salva vidas, que auxilia na orientação das pessoas, que estuda vinte, trinta anos de sua vida e trabalha em condições precárias merece menos valor do que um jogador que se apresenta duas vezes por semana, joga noventa minutos (sim, por que estes jogadores não jogam os noventa minutos de cada jogo) e tira fotos com torcedores.
Na Europa, existe a fome de comprar novos jogadores, talentos que vão abrilhantar o time. No Brasil, a indústria que fornece a matéria prima. Milhões de dólares são movimentados por empresários no Brasil todos os meses. Será que nós estamos investindo no lugar certo? Não deveríamos investir mais em escolas, hospitais e segurança? Talvez não. Até jogador de futebol ocupa cargo de deputado neste país.
O país do futebol não passa disso mesmo. Uma grande bola onde todos ganham um pedaço, menos aqueles que contribuem para esse desperdício de dinheiro. Os leigos. Os torcedores.