OS NOMES DOS SANTOS
Sou um observador atento de tudo que se refere aos costumes e tradições de nosso povo mineiro. Sem nenhum desrespeito à Igreja Católica, aos católicos e aos santos. Qualquer criança de 3o ano de grupo escolar sabe que o catolicismo no Brasil chegou com Pedro Álvares Cabral, em 1500. O primeiro culto religioso foi a Santa Missa. As primeiras catequeses foram feitas pelos padres jesuítas. Pois bem, quando os bandeirantes fundavam vilas, estas recebiam nomes de santos.Os padroeiros mais prestigiados foram: São João, São Pedro, Santo Antonio, São Sebastião, São José e Santa Maria. A Igreja e o Estado trabalhavam em conjunto.
Na minha infância e adolescência ainda era muito acentuada essa tradição. Nasci e vivi muitos anos em São João do Oriente. De lá passeávamos em Santa Maria do Baixio, São Sebastião da Barra, São José do Bugre, etc. O mais pitoresco era que, como em muitos lugares se repetiam os mesmos santos, os moradores em suas ingenuidades posicionavam os lugares reverenciando uma montanha, uma pedra, árvores e até animais. Por exemplo: São João dos Cabritos, São José do Pela Macaco, São Sebastião do Onça. Ouvi falar muito de lugares como Santa Maria da Pedra Riscada, São Pedro da Cabeluda, Santo Antonio da Volta Seca. Havia um lugarejo que, à primeira visão, era uma enorme árvore toda retorcida e era chamado de São Sebastião do Pau Torto. Um outro de quase igual característica era conhecido por São José do Pau Grande. E não era motivo de pilhéria. Falavam com naturalidade, sem conotação capciosa.