MÃE, PALAVRA QUE PESA
Minha mãe sempre foi muito querida por seus seis filhos: duas mulheres e quatro homens. Ela procurava sempre nos tratar por igual, não se notava preferência nem por um nem por outro; nem por essa ou aquela, e talvez por isso, o respeito por ela aumentasse. Mas bastava um “eu sou sua mãe” e avivava a memória daquele menos avisado, que ousasse desafiar o seu poder matriarcal.
Em outras ocasiões era doce como o mel, sentava-se em um canto qualquer e a todos que fossem chegando falava: “chegue, venha aqui, me dê um cheiro”, e ficava a alisar o cabelo de um e de outro, aconchegava-nos ao seu colo; e quem mais viesse caberia com folga nos seus afagos, nos seus carinhos e nos ternos olhares seus.
Desde muito pequeno, percebi o quanto era doce e ao mesmo tempo forte e pesado esse substantivo feminino “mãe”, que haveríamos de carregar por toda a nossa existência, como o símbolo maior da dedicação, do amor, mas também do poder de um ser sobre os frágeis seres, que chegavam sem pedir para vir, e tão pouco, teriam a chance de escolher quem lhes direcionassem o seu vivenciar.
A essa mulher, a nossa mãe, caberia a nossa sobrevivência, o nosso destino, o nosso bom ou mal caminhar pela vida. Essas atribuições são pesadas demais para ela; mas também, alto é o preço a ser pago pelos filhos.
São poucas as mães que dispensam a reverência e a veneração, cobrada aos filhos, ao longo de suas existências. A mãe de meus filhos é uma destas sensatas mães, que acham apenas ter cumprido o seu papel, já que a natureza lhes concedeu a primazia de ser mãe e nada mais. Que bom para eles, desde muito cedo se sentiram desobrigado do peso dessa pequena palavra “mãe”. Nem por isso deixaram de amá-la e respeitá-la, como ela merece.
Não é sacrilégio algum ver a mãe como um ser normal, aliás, normalíssimo. Ela também já foi filha e com toda certeza passou dissabores, com a sua mãe, seus familiares e agregados.
O mito que esta minúscula palavra propicia é que faz pesar sobre os ombros dos filhos durante a sua trajetória pela estrada da vida.
Por vezes esse peso se transforma em obstáculos intransponíveis, em barreiras impenetráveis, que bloqueiam a liberdade psíquica, que todos os seres humanos deveriam ter.
O respeito a ela como pessoa, o prazer em chamá-la de mãe é mais que suficiente, é extraordinário.
É preciso compreender, que esta mulher “mãe”, não nos deve nada, e nós lhe admiramos por sua generosidade em nos dar o prazer de viver a nossa vida livre, leves e soltos. Sem os mitos que a “sagrada palavra mãe” encerra. Mãe nós te amamos muito.
Rio, 08/05/2011
Feitosa dos Santos
Minha mãe sempre foi muito querida por seus seis filhos: duas mulheres e quatro homens. Ela procurava sempre nos tratar por igual, não se notava preferência nem por um nem por outro; nem por essa ou aquela, e talvez por isso, o respeito por ela aumentasse. Mas bastava um “eu sou sua mãe” e avivava a memória daquele menos avisado, que ousasse desafiar o seu poder matriarcal.
Em outras ocasiões era doce como o mel, sentava-se em um canto qualquer e a todos que fossem chegando falava: “chegue, venha aqui, me dê um cheiro”, e ficava a alisar o cabelo de um e de outro, aconchegava-nos ao seu colo; e quem mais viesse caberia com folga nos seus afagos, nos seus carinhos e nos ternos olhares seus.
Desde muito pequeno, percebi o quanto era doce e ao mesmo tempo forte e pesado esse substantivo feminino “mãe”, que haveríamos de carregar por toda a nossa existência, como o símbolo maior da dedicação, do amor, mas também do poder de um ser sobre os frágeis seres, que chegavam sem pedir para vir, e tão pouco, teriam a chance de escolher quem lhes direcionassem o seu vivenciar.
A essa mulher, a nossa mãe, caberia a nossa sobrevivência, o nosso destino, o nosso bom ou mal caminhar pela vida. Essas atribuições são pesadas demais para ela; mas também, alto é o preço a ser pago pelos filhos.
São poucas as mães que dispensam a reverência e a veneração, cobrada aos filhos, ao longo de suas existências. A mãe de meus filhos é uma destas sensatas mães, que acham apenas ter cumprido o seu papel, já que a natureza lhes concedeu a primazia de ser mãe e nada mais. Que bom para eles, desde muito cedo se sentiram desobrigado do peso dessa pequena palavra “mãe”. Nem por isso deixaram de amá-la e respeitá-la, como ela merece.
Não é sacrilégio algum ver a mãe como um ser normal, aliás, normalíssimo. Ela também já foi filha e com toda certeza passou dissabores, com a sua mãe, seus familiares e agregados.
O mito que esta minúscula palavra propicia é que faz pesar sobre os ombros dos filhos durante a sua trajetória pela estrada da vida.
Por vezes esse peso se transforma em obstáculos intransponíveis, em barreiras impenetráveis, que bloqueiam a liberdade psíquica, que todos os seres humanos deveriam ter.
O respeito a ela como pessoa, o prazer em chamá-la de mãe é mais que suficiente, é extraordinário.
É preciso compreender, que esta mulher “mãe”, não nos deve nada, e nós lhe admiramos por sua generosidade em nos dar o prazer de viver a nossa vida livre, leves e soltos. Sem os mitos que a “sagrada palavra mãe” encerra. Mãe nós te amamos muito.
Rio, 08/05/2011
Feitosa dos Santos