Falando de falar
Falar em público é o medo de muita gente. Era o meu também. Na verdade ainda é. Sempre fui muito tímido, mas tive que mudar isso.
A quantidade de seminários que os professores da faculdade nos pedem me forçaram a perder o medo. Perder o medo não seria a palavra certa. Eu apenas percebi que todos meus colegas tinham esse mesmo receio de "falar lá na frente". Ora, então estamos todos no mesmo barco. E os seminários podem nos ajudar, futuros professores, a ganhar mais experiência. Eu passei a encarar a idéia de falar em público como um desafio.
Já pensou um professor que não consegue falar em público dando aula para uma turma duas vezes maior que um time de futebol? Seria um absurdo - se bem que existem professores desse tipo...
O meu maior medo era o de falar alguma besteira, de errar alguma coisa. Mas, se você pensar bem, todos nós somos passíveis de erro e todos nós sabemos disso. Qual é o medo real então de se falar besteira em público? É a reação da platéia. Geralmente pensamos que o menor de nossos erros pode gerar uma gozação para o resto da vida. Ainda mais em público!
Na minha opinião, devemos ignorar este tipo de reação do público. Mas não podemos ignorar nossos erros. Tentar consertá-los é uma atitude louvável, mas insistir demais neles é prejudicial, pois pode nos afastar de nosso objetivo. O objetivo de falar em público é transmitir uma mensagem, seja ela qual for. Por isso um bom orador tem de ser claro e expressivo. O orador tem que se fazer entender pelo público. Se ele comete um erro falando alguma coisa aqui ou ali, tudo bem, o que ele não pode fazer é desvirtuar seu objetivo, ou seja, cair em contradição. Esse seria o pecado capital de quem fala em público.
Quando vou apresentar um seminário tento logo entender qual é a mensagem principal que devo transmitir e como farei isso. Me agarro na segurança de que sei o que estou falando e assim o medo some um pouquinho. O maior problema, para mim, seria como transmitir ao público. Como tornar algo interessante? Como conseguir o respeito e a atenção dos ouvintes? Não que isso seja difícil. O problema está na diversidade desse público. A pergunta "quem eles são?" está ligada ao "o que eles acham interessante?" Seminário internos, dentro da minha turma, são fáceis, porque eu os conheço bem e sei o que chamará a atenção deles. Mas os externos... Para mim, esses são os mais complicados.
Aliás, nem sempre é possível saber os interesses de todos. Uma turma, por exemplo, tem interesses diversos. O que atrai a atenção de um pode não atrair a atenção de outro. Por isso, temos que ter em mente sempre que a nossa intenção é atingir á gregos e troianos, mas nem sempre isso é possível.
Não sou um mestre quando se trata de falar em público, aliás, minha roquidão me impede de chegar um dia ao nível de um Sílvio Santos, por exemplo. Estou apenas dando conselhos com base na pouca experiência que tenho. Não tenho uma fórmula para perder o medo de falar em público, afinal isso varia muito: tem gente que consegue isso apenas treinando e outros que precisam de acompanhamento psicológico e tudo mais. O que quero dizer com esse texto é que falar em público, quando você esquece esse receio, é simples: a única coisa que você tem de se preocupar é saber o que falará e onde está pisando.