QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE O FATO?

Publiquei aqui no Recanto o texto abaixo, anexando uma proposta de interação, que me foi dada pelo colega São Beto. O texto recebeu 137 visitas com 36 comentários.

Enviei o texto completo para o Jornal “O Jaguar” da cidade de Jaguarão no Rio Grande do Sul, onde assino uma crônica semanal que o publicou em 27de abril.

O jornal recebeu, então, uma correspondência de um cidadão, cujo texto também reproduzo. Evito fazer comentários, pois quero saber sua opinião.

CARO AMIGO RECANTISTA; EXAGEREI? FUI PRECONCEITUOSO? É CENSURA OU APENAS FALTA DE SENSO DE HUMOR POR PARTE DA PESSOA QUE LEU?

ANTICONCEPCIONAL INFALIVEL - proposta de interação

O único garantido e infalível

Serve pra homem e mulher

Não tem pílula ou injeção

E pode usar quem quiser

Eu mesmo não quero usar

Por pura questão de machismo

Previne contra a gravidez

O tal do homossexualismo

Comigo e preto no branco

Isso não me deixa confuso

Cada tomada com seu pino

Cada porca com seu parafuso

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O parafuso na porca/

A tomada no seu pino/

Esse método argentino/

Por aqui não vai pegar/

Quem quiser tentar que tente/

Não apoio nem censuro /

Se o tal método é seguro/

Prefiro não me arriscar/

Pois já passei da idade/

Para entrar neste negócio/

Prefiro, pois o ortodoxo /

Que já estou acostumado/

É muito mais prazeroso/

E não é contra indicado/

Eu penso que a camisinha/

Ainda é a melhor sugestão/

Quando encontro uma bainha/

Para guardar meu facão./

SÃO BETO

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Wilson Pereira

Publicado no Recanto das Letras em 03/08/2010

Código do texto: T2415442

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

Prezados amigos do Jornal do Jaguar.

Ao ler a edição de 27 de abril de 2011, na página 05, deparei-me com um “Poema”, publicado por Wilson Rodrigues Pereira em sua coluna Cronicando. Após a leitura, confesso que fiquei estarrecido. Vejamos as razões: Em pleno século XXI e após décadas de lutas pela igualdade de Direitos dos Cidadãos deste país, não é possível tolerar que ainda se encontre nas páginas de nossos jornais referências ao homossexualismo que se apresentem como crítica, ataque ou, até mesmo, ironia. Não se trata de uma posição a favor do “Politicamente Correto”, mas sim de uma questão cidadã. Todos os cidadãos deste país têm os mesmos direitos e deveres perante a Lei que nos rege. Ainda é recente a conquista de um maior respeito para negros, homossexuais, portadores de deficiências físicas, minorias étnicas, entre outros. Mas o fato de ser recente não serve de desculpa para o desconhecimento de que o país está mudando, felizmente, e que não se aceitam mais posturas conservadoras, para usar um termo delicado. Pois o “poema” publicado no Jornal, chamado “Anticoncepcional Infalível” é um claro desrespeito aos homossexuais desta cidade em particular e deste país em geral. Ao sugerir que a prática sexual dos homossexuais é uma forma de prevenir contra a gravidez, o autor se mostra, no mínimo, um mal informado sobre todas as discussões e estudos sobre as diferentes formas como os seres humanos se relacionam com o prazer sexual. Ao dizer que o sexo com preservativo é melhor por não ser contra indicado, o autor está afirmando que o sexo homossexual é “contra indicado”. Contra indicado para quê? Ou para quem? Qual a necessidade de o autor afirmar que ele não apóia nem censura a prática sexual dos homossexuais? Quem precisa de seu apoio? E quem disse que ele pode censurar? Ao usar a frase “Isto me deixa confuso”, o autor ao menos confessa, seu total desconhecimento sobre o que seja homossexualismo. Mas o desconhecimento é, sabidamente, um dos principais ingredientes do preconceito, que parece ser o caso explícito aqui. Penso que, no momento em que Jaguarão começa a conviver com uma diversidade cultural mais ampla e que os primeiros reflexos desta diversidade começam a se manifestar na cidade, os jornais locais devem estar atentos a sua função de informar os cidadãos/leitores e promover a igualdade dentro da diversidade. Mesmo que o jornal afirme não ser responsável pelas opiniões de seus colunistas, isto não o exime de ser responsável por idéias preconceituosas e retrogradas. O que diriam seus leitores se alguém publicasse um artigo ou poema defendendo que se devesse praticar sexo apenas com animais como forma de evitar a gravidez? Ou esta não é uma prática ainda presente na Campanha gaúcha como ironicamente admitem alguns representantes das áreas rurais? Como cidadão, como leitor do Jornal, como morador de Jaguarão, como professor e como brasileiro, expresso aqui minha indignação com a publicação deste “Poema” e peço aos proprietários do Jornal que reflitam sobre o cuidado com os conteúdos publicados, como forma de evitar que publicações como esta fomentem o preconceito entre seus leitores.