Envelhecendo
Envelhecendo
A tarde se esvai como areia na ampulheta.
Tudo caminha para um final de dia idêntico a ontem, anteontem e tantos dias mais que nem sequer sou capaz de mensurar.
Dias iguais, emoções frias, vida vazia.
Esses dias em branco & preto e poucas matizes não deixam rastros, marcas ou cicatrizes, são simples espaços para preencherem calendários,
vãs tentativas de quantificar o inexistente, não são vida,
representam mero exercício de sobrevivência.
Você se foi e lovou as cores, as emoções, a energia vital.
Estou só na multidão , pareço falar outra língua e não
entendo o que me dizem.
Ando por ruas que não me levam a lugar algum, vislumbro rostos procorando o seu e só me deparo com máscaras, personagens vazios de um jogo
injusto e insano do qual não aceito as regras.
Não quero jogar. Quero você, quero viver.
Acordo e durmo, oscilando entre sonhos e essa realidade difusa, transito entre ambos rompendo seus limites e nunca tendo certeza absoluta de onde estou.
Escrevo cartas e as rasgo, faço poemas vazios e canto lamentos ao vento.
Pareço perdido num limbo, à margem de um mundo que me ignora, espelho da minha atitude perante a ele.
Me perco entre fotos e cartas nossas, já começam a parecer cenas de um filme antigo, algo assistido em alguma longínqua sessão da tarde,
tendo nossa música como trilha sonora .
O que mais dói é que o tempo que parece não passar, vai levando nossas lembranças, roendo nossos laços e espalhando nossos sentimentos.
Meu cooração vai envelhecendo e endurecendo, em breve não terei mais forças para resgatar nossa história e tudo que fomos se perderá entre a poeira das estrelas em alguma inacessível galáxia.
Leonardo Andrade