RIN-TIN-TIN DO LERO-LERO

Em 1954 estava no Rio de Janeiro tentando arrumar a vida na “Cidade Maravilhosa”. Um caipira recém chegado na selva de pedra.

Numa noite e num parque de diversão conheci uma linda e descontraída garota, aí lero vai lero vem ela me comparou a um astro de televisão, dizendo que era a cara Rin-tin-tin. Como nunca tinha assistido televisão (naquela época só os ricos possuíam o mágico aparelho), sabia lá quem era Rin-tin-tin?! Mas pelo simples fato de ter semelhança com um artista já era motivo de satisfação. Chegando na pensão contei para os companheiros a tal comparação e eles caíram em crise de risos. Fiquei sabendo que se tratava de um cachorro. Mas como a garota tinha me dado seu telefone, resolvi colocá-la abaixo do Rin-tin-tin. Telefonei e uma voz de trovão atendeu: “Vigésimo distrito policial às ordens!”. Mesmo assim indaguei se conhecia uma morena clara de nome Rosa. O cara respondeu, irritado: “Vai procurar serviço, vagabundo!”.

Nunca mais vi a tal garota. Para a vida prática não deixou de ser uma lição. Daquela data em diante fiquei esperto. Exxperto, como dizem os cariocas.

Sô Lalá
Enviado por Sô Lalá em 27/04/2011
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