Eis a verdade. Nua e Crua!

Ao final da crônica de 20.04.2011, intitulada “Brasil de Ontem e de Hoje. Continua uma Vergonha!”, prometi ao leitor falar sobre o que ocorrerá a nosso país quando forem efetuados os astronômicos gastos para realização das Olimpíadas de 2016, depois de executadas, se o forem, as obras dos estádios de futebol, da infraestrutura aeroportuária e de outros setores para a Copa do Mundo de 2014.

Os dois eventos desportivos endividarão ainda mais os brasileiros. Segundo informações do Banco Central e do IBGE, cada patrício nosso já nasce devendo R$ 10.321,00. Com os gastos da Copa e das Olímpiadas... Sei não!

Acontecerá, não imagino diferentemente, o que ocorreu à Grécia, patrocinadora das Olimpíadas de 2004. A gastança desenfreada dos gregos, aliada, como no Brasil, à corrupção, elevou a dívida pública a 121% de seu Produto Interno Bruto. Do Olimpo, os deuses gregos poderão socorrer o seu país. Aqui, na terrinha, talvez sejamos resgatados por nosso herói nacional, Macunaíma.

Enquanto o cidadão comum será privado de recursos para a saúde, a educação e a segurança pública, os espertalhões incrustados na máquina governamental, partidários de empreiteiros desonestos e corruptores farão festa com o nosso pobre dinheirinho.

Não tenha dúvida, caro leitor, dessa realidade. Em eventos de menor envergadura, com os Jogos Pan-americanos realizados no Rio de Janeiro, a roubalheira foi grande.

Agora, não será diferente.

Admita.

Deixe de lado seu generoso espírito de complacência e de credibilidade com esse governo que está aí e reflita sobre essas questões: inflação voltando ameaçadoramente, desemprego em alta, juros elevados, e a desconfiança empresarial sobre a economia.

No Brasil de hoje, alardeado pelos petistas como autossuficiente em petróleo, o preço da gasolina disputa as alturas com aeronaves que sobrevoam o céu à espera de vaga para aterrissarem nos congestionados aeroportos; a infraestrutura operacional é caótica, faltando quase tudo ao desenvolvimento do país, com suas estradas esburacadas, sem duplicação para dar velocidade ao trafego e reduzirem os acidentes fatais; os portos são incapazes de atender à demanda provocada pela pujança econômica, agora enfraquecida; os hospitais públicos não cuidam do cidadão carente, que morre todo dia em macas e colchonetes infectados; as escolas mantidas pelo governo remuneram mal seus professores, em número insuficiente, e ainda reclamam por instalações mais bem aparelhadas para transmissão do conhecimento pedagógico; a segurança de todos nós está entregue a sorte de cada um; o transporte de massa anuncia-se envelhecido, desconfortável, inseguro e pouco; as ferrovias são raras, quantitativa e qualitativamente, considerando que dispomos de pouco mais de 29 mil quilômetros de trilhos contra mais de 230 mil dos Estados Unidos; os metrôs existem em pequeno número, e nas poucas capitais em que dão sinal de vida, “cambaleiam” ameaçando matar sufocado o excessivo número de passageiros.

E o governo ainda quer construir o trem-bala para ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. O projeto foi recentemente aprovado pelo Senado, que fechou os ouvidos às opiniões contrárias de especialistas. Não se sabe o custo total da obra nem existem estudos de engenharia que assegurem o êxito do empreendimento que poderá superar dezenas de bilhões de reais.

Mal intencionado, digo isso baseado na história corrupta de nossos dirigentes, o governo, através do Tesouro Nacional, viabilizará o trem dos sonhos de Lulla, garantindo vinte bilhões de reais de empréstimo a ser concedido pelo BNDES. E ainda subsidiará as empreiteiras com mais cinco bilhões de reais.

Considerando, como disse acima, que dispomos de meros 29 mil quilômetros de ferrovia, tal fábula monetária poderia ser destinada à expansão das linhas férreas convencionais, capazes de amenizarem o trânsito das estradas, e conduzirem o país ao desenvolvimento. Associada a outros meios de transporte, como hidrovias e à própria malha viária, duplicada e aumentada extensivamente, seria melhor opção. Hoje, as decadentes rodovias são armas perigosíssimas, para não dizer-lhes assassinas, pois matam mais gente do que as guerras étnicas do Oriente e da África.

E se os empreendedores do trem-bala, depois de iniciada a construção a abandonem, alegando inviabilidade econômica do empreendimento planejado às pressas, quem pagará a conta?

Nós!

Você!

Eu!

Nossos filhos e netos, que já nascem endividados e amanhã se tornarão inadimplentes. Lembre-se de que o Tesouro Nacional garantirá os empréstimos tomados ao BNDES.

Essa modesta análise é curta. E despretensiosa. Em nosso próximo encontro pretendo comentar sobre outros aspectos mais preocupantes da economia capitaneada por Dilma Rousseff, a “gerentona” do PAC, o badalado Programa de Aceleração do Crescimento, que anda quase parando, seja por falta de recursos financeiros ou de competência gerencial.