QUANDO O AUXILIO CHEGA TARDE...

Duas ricas madames saíam do teatro Bolshoi de Moscou em gélida noite de nevasca intensa, com uma temperatura que estava em treze graus negativos, mal saíram e se depararam com um homem deitado encolhido em plena calçada.

Uma delas, num gesto espontâneo, tira dos ombros o riquíssimo casaco de peles e ia colocar sobre o homem quando a outra lhe disse:

- Não faça isso! Deixe-o aí, vamo-nos, depois mandarei o lacaio trazer uma coberta para ele! Vamos para casa tomar um chá bem quente.

Chegando a casa, distraíram-se na conversa e, depois de algum tempo, a outra se foi e a senhora esqueceu-se de mandar o mordomo levar o cobertor para o indigente.

No dia seguinte, a mulher lembrou-se do pobre homem ao relento. Imediatamente chamou o lacaio dizendo que levasse agasalho para o sujeito na calçada próxima ao teatro.

Passado algum tempo, o serviçal retornou dizendo que o homem não mais estava no local, que fora recolhido pelo serviço público porque morrera na noite anterior...

A questão da caridade deixada para depois ou muito sindicada, quase sempre é o socorro que chega tarde.

Por isso, preciso é seguir os impulsos do momento, quando se trata de fazer algo em favor de alguém.

Um jovem chamado Paulo andava por uma calçada quando, à sua frente, outro moço deixou cair alguns cadernos, estojo com lápis e canetas que se espalharam pelo chão.

Paulo imediatamente ajudou o sujeito a recolher todos os pertences.

O jovem agradeceu e Paulo começou a caminhar a seu lado, conversando com ele.

O rapaz que se chamava Fábio parecia meio triste, meio desconsolado.

Chegaram na casa de Paulo e este convidou Fábio para tomar um refrigerante. Ele, meio sem jeito, acabou concordando.

Depois de tomar o refrigerante, dirigiram-se até a sala e começaram a jogar vídeo game.

Uma hora e meia depois, Fábio despediu-se de Paulo e foi embora.

Passados uns 20 dias, ele recebeu uma carta de Fábio agradecendo a ele por ter salvado sua vida, porque, naquele dia em que se encontraram ele estava indo para suicidar-se em casa.

Morava sozinho e estava vivendo dias de muito desgaste emocional e resolvera dar cabo da própria vida. Todavia, aquele tempo que passara com Paulo levou-o a pensar na besteira que ia fazer e quando saiu da casa dele já havia desistido da idéia de suicídio...

Imaginemos se Paulo passasse de largo por Fábio e não parasse para ajudar a recolher o material; como Fábio poderia ter resistido à indução suicida?

Nesses momentos, em que nos deparamos com situações semelhantes, podemos estar sendo teleguiados pelo anjo da guarda da pessoa necessitada ou mesmo o nosso para estendermos às mãos no socorro.

Tenho um amigo, companheiro de lide assistencial, que por sua vez conhece um cidadão que sofre de convulsões. O sujeito tem feios ataques, cai ao chão se contorcendo e, às vezes, se machuca. Nesses ataques costuma babar em excesso e quase se afoga com a baba.

Certo dia, meu amigo andando por uma rua próxima ao edifício onde mora, sentiu uma vontade irresistível de seguir por um caminho que nunca havia feito e, quando chegou a uma praça, viu o sujeito estirado no chão, se contorcendo numa convulsão assustadora.

As pessoas passavam, olhavam, mas ninguém o socorria.

Meu amigo aproximou-se e viu que ele estava se afogando com a baba. De imediato, socorreu o sujeito que, algum tempo depois, voltou ao normal.

Até hoje, ele comenta aquele episódio.

Acha que foi intuído a seguir por aquele caminho terminando na praça para socorrer o conhecido que naquele dia estava quase sufocando com a saliva.

E se meu amigo parasse à frente do homem e perguntasse aos que o olhavam se alguém conhecia o sujeito, se sabiam de sua procedência, etc. Por certo, o pobre morreria à míngua de simples atendimento imediato...

Por isso, é bom pensar: caridade deixada para depois ou muito sindicada é auxílio que chega tarde...

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 21/04/2011
Reeditado em 16/10/2012
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