Os Direitos do Leitor
 
 
Daniel Pennac, escritor francês nascido no Marrocos (Casablanca), é um dos mais famosos da atualidade. Romancista de peso, é também autor de vários gêneros literários, inclusive ensaios.  Seu ensaio sobre a leitura, Como um romance, hoje é um Cult da literatura. Professor de Língua francesa é grande sua preocupação com o distanciamento dos jovens da leitura. Veja o trecho inicial do livro:
“O verbo ler não suporta o imperativo. Aversão que partilha com alguns outros: o verbo “amar”… o verbo “sonhar”…
Bem, é sempre possível tentar, é claro. Vamos lá: “Me ame!” “Sonhe!” “Leia!” “Leia logo, que diabo, eu estou mandando você ler!”
 - Vá para o seu quarto e leia!
Resultado?
Nulo.
É desse livro também que foi extraído o famoso decálogo a que se deu o nome de “
Os direitos do leitor”. Na internet ele é encontrado nas mais diversas formas, seguindo interpretações diferentes. Ei-los
 
O direito de não ler.
O direito de saltar páginas.
O direito de não acabar um livro.
O direito de reler.
O direito de ler não importa o quê.
O direito de amar os “heróis” dos romances.
O direito de ler em qualquer lugar.
O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
O direito de ler em voz alta.
O direito de não falar do que se leu.

 
 
 
Cada um desses itens daria uma crônica isolada. Sobre cada qual eu poderia falar separadamente assim como Pennac o fez e sei que cada leitor ao tomar conhecimento de cada item vai emitir o seu próprio pensamento de acordo com sua experiência.
 
1-      Ninguém pode ser obrigado a ler. A leitura não pode ser um castigo, algo que deva ser feito obrigatoriamente. Se alguém não quer ler, não serão as ameaças que lhe farão ler com prazer. É preciso experimentar a sedução. E embora não ler, em minha opinião seja algo que alguém perdeu, não vale à pena ter preconceitos contra quem não lê.
2-      Onde está escrito que tenho que ler tudo seguidinho se nem o autor escreve assim? Se estiver chato, pule. Volte depois, se quiser. Não resisto e vejo sempre o fim do livro. 
3-      Acabar um livro sempre foi para mim um dever, mas ando combatendo isso. Tenho treinado deixar de lado coisas que não estão me satisfazendo no momento. Alguns são realmente descartáveis e outros podem esperar uma melhor oportunidade. Tenho uma penca de livros assim, guardados para uma futura oportunidade.
4-      Livros dos quais gosto muito, guardo para reler. E o mais interessante e importante é que a releitura costuma trazer surpresas sempre agradáveis.
5-      Leio tudo. Desde histórias em quadrinhos até livros água com açúcar. E livros sérios. Foi assim que comecei e é assim que quero acabar.
6-      Meus modelos, meus professores, minhas paixões. Eu os encontrei nos livros. Quem eu queria ser, quem me ensinou. Quem eu queria pra mim. Quis ser Polyana, quis ser Jô (Mulherzinhas), quis ser tantos outros. Queria ser a megera de Shakespeare e encontrar meu domador. Senti a agonia de Raskolnikov e de tantos outros. Nos livros eu vivi e recriei minha vida.
7-      Não tenho lugar específico para ler. Em pé, sentada, deitada, em publico, debaixo das cobertas. Em salas de espera e em filas. Em qualquer hora e lugar.
8-      Leio um livros, leio outros, um pedaço aqui, outra ali.
9-      Gosto de ouvir o som da minha voz lendo.
10-   Gostei desse. Como sabem que leio muito as pessoas acham que leio tudo. E querem que eu fale a respeito. Só que às vezes eu não estou com nenhuma vontade. E agora, sendo um direito, posso me recusar a falar sobre qualquer livro. Bem ou mal.
 
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