Esqueceram – se de mim.
Se cada dia tem sua angústia, cada dia também tem sua aventura. A de hoje não foi muito agradável, pois simplesmente esqueceram-se de mim.
Não sou uma pessoa facilmente esquecível, apesar de ser de traços comuns. Mas sou mais ou menos grande e isso pesa, ai como pesa. Pois estando eu hoje na Clinica onde diariamente faço meus exercícios ora ortopédicos, ora de condicionamento, fui levada para uma sala isolada que eu chamo de Câmara de Tortura. É que ali me é aplicado, dia sim, dia não, uma série de choques com o objetivo de punir meu pobre ombro direito que se recusa a trabalhar sem dor. Dez minutos antes do fim ouvi quem me atendia dizer: em dez minutos venho tirar você daí. Eu me distraí lendo e quando olhei no relógio, quase meia hora havia passado e os barulhos da clínica cessado. Eu era uma ilha rodeada por um grande silêncio. Tentei quebrá-lo, tossindo, arrastando a cadeira, batendo com o nó dos dedos na divisória. Levantei-me e olhei pela janela, nada vi nem ouvi. O jeito seria me virar como pudesse. De cada vez que tentava soltar um dos tentáculos chocantes levava um choque maior, mas por fim consegui. Quando saí finalmente, na recepção encontrei pessoas conversando tranquilamente, uma secretária e duas jovens do serviço de apoio. Contei-lhes sem muita explicação o que tinha acontecido e o corporativismo funcionou – não, a profissional que me atendia precisou sair repentinamente e pediu a outra pessoa para me liberar. Só que não havia outra pessoa por ali e como eu nem estava aborrecida, fui embora e não pensei mais no assunto.
Meu dia seguiu normal, sem mais nenhuma aventura, mas quando voltei para casa soube que havia alguém me ligando continuamente, alguém com voz desconhecida. Nem ao menos fiquei curiosa. Então, o telefone tocou – era ela. A minha fisioterapeuta se desculpando e pasmem... sem nenhuma justificativa. Realmente, esquecera-se completamente de mim. Queria se desculpar, garantir que não aconteceria de novo e certificar-se de que eu voltaria. Bem, na verdade eu nem me incomodei muito. Foi fácil esquecer o assunto. Fácil? Quase, posso até esquecer o assunto o que não posso é deixar de escrever essa crônica. É Como naquele dito em que o sujeito perde o amigo, mas não perde a piada.
Há poucas semanas fiquei presa no banheiro de outra Clínica. Não me apavorei porque sabia que iriam dar falta de mim, já que me esperavam para um exame. Mas hoje não pude deixar de lembrar- me de uma história popular em Lavras: famoso psiquiatra colocou a paciente para dormir (sonoterapia) fechou o consultório e foi para casa. Só voltou para liberar a paciente, que dormia tranquilamente, quando a família vendo que ela não chegava, foi procurá-lo.
Quanto a mim amanhã cedo estarei lá novamente, mas tomarei cuidado para nem mesmo me aproximar dessa Sala de Tortura.
Se cada dia tem sua angústia, cada dia também tem sua aventura. A de hoje não foi muito agradável, pois simplesmente esqueceram-se de mim.
Não sou uma pessoa facilmente esquecível, apesar de ser de traços comuns. Mas sou mais ou menos grande e isso pesa, ai como pesa. Pois estando eu hoje na Clinica onde diariamente faço meus exercícios ora ortopédicos, ora de condicionamento, fui levada para uma sala isolada que eu chamo de Câmara de Tortura. É que ali me é aplicado, dia sim, dia não, uma série de choques com o objetivo de punir meu pobre ombro direito que se recusa a trabalhar sem dor. Dez minutos antes do fim ouvi quem me atendia dizer: em dez minutos venho tirar você daí. Eu me distraí lendo e quando olhei no relógio, quase meia hora havia passado e os barulhos da clínica cessado. Eu era uma ilha rodeada por um grande silêncio. Tentei quebrá-lo, tossindo, arrastando a cadeira, batendo com o nó dos dedos na divisória. Levantei-me e olhei pela janela, nada vi nem ouvi. O jeito seria me virar como pudesse. De cada vez que tentava soltar um dos tentáculos chocantes levava um choque maior, mas por fim consegui. Quando saí finalmente, na recepção encontrei pessoas conversando tranquilamente, uma secretária e duas jovens do serviço de apoio. Contei-lhes sem muita explicação o que tinha acontecido e o corporativismo funcionou – não, a profissional que me atendia precisou sair repentinamente e pediu a outra pessoa para me liberar. Só que não havia outra pessoa por ali e como eu nem estava aborrecida, fui embora e não pensei mais no assunto.
Meu dia seguiu normal, sem mais nenhuma aventura, mas quando voltei para casa soube que havia alguém me ligando continuamente, alguém com voz desconhecida. Nem ao menos fiquei curiosa. Então, o telefone tocou – era ela. A minha fisioterapeuta se desculpando e pasmem... sem nenhuma justificativa. Realmente, esquecera-se completamente de mim. Queria se desculpar, garantir que não aconteceria de novo e certificar-se de que eu voltaria. Bem, na verdade eu nem me incomodei muito. Foi fácil esquecer o assunto. Fácil? Quase, posso até esquecer o assunto o que não posso é deixar de escrever essa crônica. É Como naquele dito em que o sujeito perde o amigo, mas não perde a piada.
Há poucas semanas fiquei presa no banheiro de outra Clínica. Não me apavorei porque sabia que iriam dar falta de mim, já que me esperavam para um exame. Mas hoje não pude deixar de lembrar- me de uma história popular em Lavras: famoso psiquiatra colocou a paciente para dormir (sonoterapia) fechou o consultório e foi para casa. Só voltou para liberar a paciente, que dormia tranquilamente, quando a família vendo que ela não chegava, foi procurá-lo.
Quanto a mim amanhã cedo estarei lá novamente, mas tomarei cuidado para nem mesmo me aproximar dessa Sala de Tortura.