VÍCIOS: MELHOR NÃO TÊ-LOS.
Todos somos viciados.
Não adianta negar, é algo que é mais forte do que nós. É um vicio insano, quente, puro, ritmado. Alimentamos esse vício logo pela manhã. A cada gota de água do chuveiro. Está dentro da embalagem da pasta de dente, em cada cerda da escova de cabelos. Meia após meia que antecede o sapato.
Segue-nos à cozinha. Ensurdece-nos o som aos goles do café adoçado que quebra o jejum.
Está nas ruas, em cada passo, em cada esquina, em cada bom dia.
Chama-nos a alimentar no almoço. Desde o simples e gostoso arroz com feijão, ao raro e contado estrogonofe de frango com champinhon.
Esconde-se em cada muro da escola, ou do trabalho.
Percebe em nós os suores do rosto, do peito molhado, das coxas que se esfregam a cada caminhada para qualquer lugar, das axilas quentes e talvez cheirosas possuidas por aquele delicioso perfume que adoro, da boca seca pedindo água, dos pés que agora choram por descanso, dos ombros loucos para se livrar da camiseta, do corpo pedindo banho.
Leva-te em casa, ao querido retorno. Aos lamentos ou alegrias de um abraço que talvez você não receba. Porém, agora por estar em casa, você não se preocupa mais com esse vício.
Logo, permite que te leve, que te nine, que te coma, que te consuma, que te possua. Porque não mais o necessite tanto. Mas te entristece, ao relatar que a noite vem, deita na cama, pensa no amanhã e teu vício te abraça, te sussurra, te lembra que dormir é só o começo de um tormento para mais um dia. E de insônia, rolas pela cama em pensar o que tens de fazer amanhã. E desmaia às duas da madruga, com ele te acordando as cinco e quarenta e cinco do amanhecer. Sem tempo para a abstinência.
Teu vício é o relógio. É o segundo, é o minuto, é a hora.
E não adianta fugir, ele sabe a que horas te encontrar.
Tic Tac, olhe ao seu lado, ele te observa...
20/04/10 - 8H13