SENTIMENTOS TRESLOUCADOS

A poucos dias houve um episódio lamentável na Universidade Federal do Amazonas – UFAM, onde estuda meu amigo Antônio, através de quem fui informado do fato, o qual contarei em breves palavras. Meu amigo estuda língua Inglesa naquela faculdade, e, em sala de aula, participou de um trabalho em grupo, no qual um dos colegas do seu grupo aventou uma hipótese. Disse para o grupo que o significado do que postulava era como se alguém dissesse de uma colega participante “que a mesma era uma chata”. A colega não gostou de ser usada como citação, como se o chapéu houvesse cabido em sua cabeça, e se identificado com a situação. Isso foi motivo para que a mesma manifestasse o seu desagrado no momento, e também para que levasse seu desagrado ao conhecimento de outra pessoa de fora, da esfera externa da escola, com a qual tem laços afetivos, o qual foi até ao campus e surrou o aluno daquela instituição de ensino que fez a exemplificação.

Isso demonstra bem a sociedade intolerante em que vivemos, onde as diferenças são motivos de conflitos que não são corretamente administrados, e na qual não há espaço para apaziguamento, muito menos perdão. Nessa sociedade, denominada de mundo, ainda prevalecem sentimentos primitivos, do homos erectus, troglodita.

Para que tal ocorrência houvesse chegado às vias de fato, com certeza deve ter havido queixa e manifestação de amargura de quem se sentiu ofendida por ter sido tomada como exemplo pelo colega. Tal pessoa, ressentida com a exemplificação, além de ter ido se queixar para o “namorado! ?”, ainda deve ter apontado o colega que lhe causou o desagrado para que fosse punido “exemplarmente”, para que outros não mais ousassem usar a “princesa” do homem da caverna como exemplificação, aventando hipótese, que até foi ultrapassada.

Agora não se trata mais de hipótese, já que a prática confirmou não o que foi aventado mas a intolerância, ressentimento e sentimento de vingança.

Seria de bom alvitre que a direção daquela universidade não deixasse passar em branco esse episódio, e chamasse às falas os envolvidos, exigindo reparação ou, pelo menos retratação, de tal aluna, a fim de não ter a sua imagem manchada com a ocorrência. Isso não é caso só de polícia, devido a covarde agressão que sofreu um dos alunos dessa instituição de ensino, mas também de disciplina, correção, da aluna, que não soube administrar a sua insatisfação diante de uma situação que lhe causou desagrado.

Como teria agido o agressor se o agredido fosse um faixa preto? Com arma de fogo, ou arma branca, ou tacape, ou sarabatana, com certeza, se não contratasse um pistoleiro ou justiceiro para dar-lhe cabo da vida.

Essa é a sociedade do homo sapiens, cujo homos erectus parece que desperta ou ainda está vivo na sua psique. Temos que bani-lo ou condescender com ele?