CRÔNICA # 058: O JEGUE TENOR E SUA IMITAÇÃO CANINA
Tenho um vizinho que é carroceiro. Rondim é o nome de seu jegue. Até aí tudo normal, não fosse o Rondim ser um asinino subnutrido, embora adulto, porém com características de pequeno jegue. Seu agudo zurrado mais parece um tenor lírico, embora eu o sinta como se fosse mais um gemido de dor, talvez fruto da inanição pela falta de uma ração adequada.
A cada zurro dele hilário animal, embora engraçado, mas o que me causa não é mais que pena. como se não bastasse ouvir esse triste lamento, Jupy, o cão de um outro vizinho resolveu imitar o zurrado do Rondim. É una cena por demais engraçada. Não chega nem perto a imitação do Jupy, mas, aos poucos, ele está moldando o seu timbre, tornando, talvez o primeiro cão tenor da história canina. Parece uma coisa. É o Rondim começar a zurrar, o Jupy imediatamente entra em cena, fazendo um dueto, em o seu backvocal.
Assim, de meia em meia hora, numa precisão suíça, O Rondim ajuda os que não têm relogio a cronometrar o seu próprio tempo. Uma preciosa utilidade pública. Em contrapartida, vem, de quebra, o Jupy, querendo um lugar ao sol artítico, em solidariedade com o asno tenor.
Nessas horas, não sei se rio (melhor não ridicularizar o subnutrido jumento), nem sei se choro ou me desespero. O melhor que eu tenho é me conformar e me alegrar no Senhor porque tenho dois ouvidos para ouvir e por isso dou-lhe graças. Sendo assim, sorrio e me alegro pois tenho que em tudo devo ser agradecido, pois tenho muito mais do que realmente preciso.
“Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. ” (1 Timóteo 6:8 ).
Deus nos abençoe a todos!