De alguma maneira, eles irão sentir falta dos bons e velhos tempos... (livro)
Capítulo l
(Divagações)
Vivenciamos o passado, credenciamos em demasia o futuro. Será o presente apenas um pretexto, um elo? O que necessariamente chamamos de presente? Esse momento que já passou? Não nego que tenho certa teimosia em tentar compreender o agora. Creio que você também; ou não. Às vezes me sinto como um estudante de História. Fascinado com as páginas fantásticas, entre gravuras e símbolos inteligentes do homem civilizado. Quase acredito que seria isso, o próprio presente, um olhar atencioso ao passado.
Entre a razão e a emoção, paira um terceiro elemento. O Vislumbre. Uma espécie de estágio ao que muitos chamam de “espiritual”. Livre das amarras humanísticas encontramos conforto, sem explicação coerente. Basta lembrarmos-nos do primeiro mergulho no mar. O medo e a insegurança de que não pudéssemos voltar a respirar o nosso mundo. O vislumbre é isso, o respirar depois de um encontro, da estranheza, do espanto.
Parece que somos feitos para ter certeza. A dúvida existe por excelência, é o jogador reserva, só deve ser usado em casos de extrema necessidade. Como se existissem casos extremos. Eles existem ou seria a idéia que apresentamos aos atos e fatos? Talvez seja a hora de Deus entrar na jogada. Engraçado, continuo me sentindo um estudante, só que agora, um professor intervém entre a real história e minha opinião sobre. Sinto certa inveja DELE. Não tem muita preocupação com o tempo. Novamente o tempo, protagonista das incertezas e agonias. Quando o futuro não se apresenta em bons tons, o passado me parece um colorido (meio que desbotado) mais atraente.
E se por um instante, pudéssemos voltar ao passado com nossa razão atual, munidos de vivência, certezas dos fatos e cheios de esperança? Eu hesitaria por um momento, olharia em minha volta e entraria em inércia. Meu filho, hoje com quinze anos, talvez não fizesse parte da minha vida, caso decidisse voltar ao passado. Lógico, ele e umas tantas outras pessoas. Mas e a chance de vivenciar tudo novamente e ainda por cima, poder consertar meus erros. Tolice. Como se de uma hora para outra, eu, senhor de meus erros passados, não fosse rei dos erros presentes; ou seja, um eterno errante. Apenas conjecturas. Mas fica uma vontade indefinida, um gole em seco.