O CASAMENTO não morre...

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Eu sei que casado é quem bem vive; eu sei que o que o “QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO SEPARE”, dito pelo padre na hora do casamento, na maioria das vezes ninguém cumpre. Eu sei que o “FICAR” tenta emplacar como invenção social moderna, mas que não se sustenta por falta de estrutura afetiva; eu sei da mesma fora, que o homem não se realiza sozinho e do mesmo jeito eu sei que a monogamia é meio surreal para o ser humano. Não obstante eu sei também que todos sonhamos com um príncipe ou princesa encantados, porque o combustível da felicidade começa pelo sonho. E porque eu sei de tanta coisa que você também sabe é que queria externar o que talvez a maioria das pessoas podem não saber: quando o homem leva a mulher ao altar, realizando um sonho de casamento de ambos, simbolicamente está estampada a dominação masculina sobre a mulher. Ele, o noivo, espera pacientemente sua futura mulher no altar. A igreja inteira fica na expectativa de ver a chegada da noiva com toda pompa e liturgia que o ato requer: decoração, música, modelitos, luz, imagem! Tudo para compor esse secular ato que, mesmo hoje, ainda acalenta a maioria dos sonhos das mulheres.

Marcha nupcial e... Tchan, tchan, tchan, tchan! Ela, a noiva! Acompanhada pelo pai (figura masculina) adentra lentamente. Olhares alhures, sorriso meio nervoso, passo a passo ela vai se encontrar com seu futuro "dono". Literalmente o pai a entrega ao seu m marido – seu "proprietário", essa era a forma simbólica original de origem remota. Essa e siignificação é bem uma amostra conservada pela modernidade, do que foi a relação da mulher com o homem num passado nem tão distante. Ainda hoje o homem pode apresetnar sua esposa a outrem chamando-a de  "minha mulher”, mas nem sempre a mulher pode fazê-lo com o marido dizendo este é  "meu homem”... Afinal, quem tem homem é mulher de outra “esfera”, no popular "PUTA".

Longe dos conceitos ortodoxos ou heterodoxos, fato é que o CASAMENTO enquanto instituição não faliu. Talvez tenha falido a forma tradicional, pois as pessoas quando decidem estar juntas no amor e no afeto, fazem um casal – daí casamento. Casar na Igreja ou no Juiz ou mesmo na policia é detalhe de somenos importância no que queremos explicitar. Neste viés, declaro que adoro o casamento tradicional. Por mais paradoxal que pareça, confesso-me admirador desse ritual secular, especialmente o simbolismo do casamento da Igreja Católica.

Como disse no inicio, eu sei de tudo que todo mundo sabe. Sei, inclusive, que eu não gostaria de, sendo mulher, ser levada pelo meu pai para ser entregue a um homem no altar!

Também não gostaria de, sendo homem, receber minha mulher como objeto de posse na frente do altar. O que eu desejaria era que não mudassem o ritual do casamento católico. O que eu desejaria é que ele permanecesse como está, mas que os noivos não se casassem sem a consciência simbólica que o passado se encarregou de cristalizar. Dito diferente, eu sendo homem como sou queria me casar na igreja católica para ser feliz com minha mulher e ela ser feliz comigo sem que, efetivamente, ninguém fosse dono de ninguém como o foi no passado.

Entrar na igreja para casar é uma viagem ao sonho. Confesso que quando assisto a um casamento bem organizado com coral, luzes, flores, convidados bem vestidos, etc., me emocionam. Muitas vezes choro. Lembro quando isto acontece de uma musica que diz mais ou menos assim: “Ando tão a flor da pele que até beijo de novela me faz chorar” (se não me engano é de Zeca Baleiro); Pois é. O casamento católico me deixa à flor da pele. Por isto entendo o porquê de muitas mulheres sonharem com o casamento... O casamento evangélico também me emociona, mas não tanto quanto!

Portanto, eu sei que você não sabia que eu gostava tanto desse ritual secular. Se você não me conhece eu adianto que tenho fama de revolucionário, de subversivo das convenções sociais. De fato me acho assim mesmo. Porém me rendo a esta suposta contradição, pois acho o casamento a perfeita tradução do amor, do castelo, do príncipe, da princesa encantados... Até que o dia amanheça...

A Noiva

Agnaldo Timóteo

 

Aaaave Mariaaaaaaaa...

 

Branca e radiante vai a noiva,
logo a seguir o noivo amado.
Quando se unirem os corações, vão destruir ilusões.

Aos pés do altar está chorando,
todos dirão que é de alegria.
Dentro sua alma está gritando,
Ave Maria...

Chorará também, ao dizer o sim,
e ao beijar a Cruz, pedirá perdão.
E eu sei que esquecer não poderia,
se era outro amor a quem queria.

Aos pés do altar está chorando,
todos dirão que é de alegria.
Dentro sua alma está gritando,
Ave Maria...
Ave Maria...
Ave Maria...
AAAAve Mariaaaaaaaaaaaa.