Selecionando
Assino o Estado de Minas apenas no final de semana e assim recebo só os jornais de sábado e domingo. Muitas vezes não consigo ler nem um nem outro. Costumo acabar de ler e já colocar no cesto de reciclagem e deixar a mão o exemplar não lido. Muitas vezes penso em simplesmente parar de assinar. Semana passada cheguei a conclusão que não estava valendo a pena ler jornal e resolvi comprovar olhando atentamente o jornal de domingo. Com a tesoura na mão fui recortando e selecionando o que achei interessante e a colheita foi pequena, no entanto acho que valeu a pena pois mais uma vez adiei a suspensão da assinatura.
Enquanto escrevo esta crônica ao meu lado está o resultado da colheita: -Um artigo sobre marketing, escrito por Rogério Tobias e que vou pregar na porta de meu escritório na Fábrica de Pães com a esperança de que alguém leia, pois fala da importância do cliente para qualquer empresa, por menor que ela seja.
- O lançamento de um livro de um jornalista britânico, Tarquin Hall, apresentando um detetive particular indiano que, apesar de algumas ressalvas parece ser uma boa indicação para quem adora um bom livrinho policial bem descompromissado: O caso da criada desaparecida.
- E finalmente, a cereja do bolo: a coluna de Dad Squarisi, Dicas de Português.
Nesse texto, Dad publica algumas pérolas que não foram lançadas aos porcos. Fala dos Sete sapatos sujos da modernidade, extraídos da aula inaugural que o escritor Mia Couto proferiu no Instituto Superior de Ciências de Moçambique. Estes sapatos sujos seriam os preconceitos que devemos deixar de lado para sermos considerados realmente pessoas modernas. Ela os relaciona e também se inspira neles para criar os sete sapatos sujos da Língua Portuguesa. Deixando de lado a crônica de Dad como material para uma nova crônica enumero aqui, assim como ela o fez, os sapatos sujos de Mia Couto.
1- Os culpados são sempre os outros, nós somos sempre as vítimas.
2- O sucesso não nasce do trabalho
3- Quem critica é inimigo
4- Mudar as palavras muda a realidade.
5- É vergonhoso ser pobre e é preciso cultuar as aparências.
6- A passividade frente às injustiças
7- Para sermos modernos temos que imitar os outros
Certamente Mia Couto é o intelectual mais conhecido e respeitado de seu país na atualidade e os seus sapatos sujos ele os pinçou da realidade Moçambicana que certamente é bem semelhante a realidade de qualquer país colonizado.Como o nosso. E esses sete sapatos sujos que precisamos descalçar pode vir a ser a inspiração para a criação sete vezes sete novos sapatos sujos, como já me vem a cabeça, Os sapatos sujos do Recanto das Letras.