Mulherzinha... tudo mulher.
Mulherzinha... tudo mulher.
Na janela a cortina de renda denuncia ,
o que aquela almofada bordada confirma...
Uma renda de bico aqui, uma toalha de crochê ali...
Mais uma certeza se faz.
O vaso com flores colhidas no canteiro da casa,
plantas que foram somadas as compras do dia à dia,
vasos repletos de violetas ou bem arranjados com palmas ou copos de leite.
Paninhos com pontos de cruz estrategicamente espalhados pela casa,
monogramas no linho dos lenços...
Tudo deixa marcada sua "ausente presença",
O aroma de café que amanhece saindo da cozinha,
e mistura-se a colônia que sai do banho e invade o quarto.
Nos potes o biscoito preferido de um,
na fruteira as frutas prediletas de outro.
Tudo bem pensado para cada um da casa.
O incenso e o aromatizante a noite sob a luz do abajour,
conspira com o barulho relaxante da água que cai da fonte,
perante o olhar do anjinho iluminado que a todos protege ,
juntamente com santinhos bem colocados pela casa só para lembrar a fé.
Tapetes escovados,cinzeiros limpinhos
e nos lugares certos para manter a casa limpa.
Mas, um anel largado em uma mesinha,
um xale repousado nas costas de uma poltrona,
não fazem bagunça, apenas explicam a palavra lar.
A caixa de costura sempre à postos,
A samambaia que balança, a licoreira sempre cheia,
combinam com a cozinha de tantos sabores e aromas.
Tudo tem um toque especialmente doce.
Tudo denuncia que naquela casa tem mulher...
mulher assim bem mulherzinha,
aquela que ninguém vê,
embora esteja repartida por toda a casa,
mas que de tão eficiente se é,
fica transparente a vista.
Mulher que faz todo dia tudo sempre igual,
o que ninguém percebe,
que só existe,
quando atende o pedido .
Mulher assim tão fora de moda...
Mulherzinha.
Mulher que existe nas curvas do vestido,
no salto do sapato,
na pasta de trabalho,
mulher de negócios...
no livro sobre a escrivaninha...
tudo,
mulherzinha.
Tudo Mulher!
Augusta Melo
Rio de Janeiro, Brasil
LDA 9.160