Ser mulher...

Na época em que Jesus viveu, os homens judeus iniciavam suas orações diárias no muro das lamentações, agradecendo a Deus por não terem nascido mulher: Bendito Aquele que não me fez pagão, que não me fez mulher e não me fez lavrador.” Por esta oração, vemos que três classes eram completamente inferiorizadas e discriminadas: os não judeus, a quem eles denominavam pagãos, as mulheres e os trabalhadores do campo. A mulher era totalmente subjugada ao homem, numa quase escravidão, praticamente sem nenhum direito. Não podia deixar os cabelos à mostra, nem ensinar ou dar testemunho. Era considerada impura quando menstruada. Ao dar à luz um menino se tornava impura durante sete dias. E deveria aguardar a purificação do seu sangue durante trinta e três dias, não podendo freqüentar o santuário ou tocar em qualquer objeto sagrado. Se a criança fosse uma menina esse tempo duplicava. (Lv 12; 1-5). Era também proibido a uma mulher estar sozinha com um homem. “Qualquer um que fale muito com uma mulher é causa de mal para si mesmo, descuida da Lei e termina na Geena”, sentenciava o Talmude em um de seus tratados, o “Pirqe Aboth”, o “livro das sentenças dos sábios”....


Em outros casos, quando uma mulher é acusada de adultério, ela deve ser morta, se não pelo noivo prometido que em alguns casos ela nem conhece, deve ser pelo pai, que assim mostra sua autoridade, dá exemplo a outras para que não cometa tal (crime)e assim fica preservada a tradição e os " bons" costumes.
 

O Relatório de Desenvolvimento Humano 95, do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), divulgado em agosto pela ONU,documentou a necessidade de uma mudança radical nas relações humanas em todo mundo. Segundo o relatório, não há um único país - incluindo os mais avançados e democráticos - em que as mulheres não sejam discriminadas. Elas trabalham mais que os homens e ganham menos; não têm as mesmas oportunidades de educação, mercado, ascensão social e liderança. A despeito das muitas conquistas alcançadas neste século, as mulheres continuam vitimadas por tradições culturais, guerras, exploração econômica, violência machista, abuso sexual, prostituição, estupro, aborto, fome, desprezo e discriminação geral. Os poderes masculinos ainda recusam a libertação das mulheres, oferecendo-lhes em troca um "feminismo holístico" e uma "dignificação da mulher" que só legitimam as injustiças acumuladas em séculos de História, atribuídas por má-fé à Natureza.

Poderia ficar em números e estatísticas, mas a realidade aqui, agora, que vivenciei foi de ter uma amiga que foi atacada, quase estuprada e ao chegar em casa o marido foi examina-lá para ver se ela tinha tido relação sexual, depois na delegacia ela ser discriminada, por estar de roupa( inadequada). Pois é assim, se uma mulher é estuprada e ir a delegacia, estiver sem sutiãn, saia curta, roupa apertada, fica subentendido que estava provocando, se insinuando, procurando(encrenca).

Esse parágrafo digo e assino por mim que sei o que é ir contra a convenção social, decidir tomar o destino de minha vida, trabalhar, ser independente. Se deixar sou discriminada...Até por outras mulheres.
E não falo de décadas passadas...Isso e outras barbaridades acontece e está acontecendo, hoje, agora, então eu como mulher, não fecho os olhos a homenagens, e sim abro os olhos para a realidade e quem sabe um dia a mulher não precise de homenagem em dia nenhum e seja ela dona de seu destino todos os dias do ano.