SEU TELEFONE, POR FAVOR... 
 
            O relógio marcava 13h40m e eu, como sempre, apressada. Precisava fazer um depósito no caixa eletrônico da Caixa Econômica, que fica num dos blocos do hospital.
            Estava em plena “Semana Pedagógica” evento de estudos, realizado tradicionalmente no início do ano letivo e às 14 horas eu deveria estar na sala de aula,estudando.

            Sou muito desligada quando ando pelas ruas, absorta em mil pensamentos. Dessa forma, nem percebi que alguém me seguia, desde a quadra anterior. Ao atravessar a rotatória, um motociclista passou por mim, parando poucos metros à minha frente.
            Segurei minha bolsa um pouco mais forte. Nunca se sabe. Passei por ele ressabiada. O moço me chamou e eu virei para ouvi-lo, achando que iria me pedir uma informação, nome de rua, essas coisas.
            Para minha surpresa, ele perguntou meu nome, eu respondi e em seguida ele se apresentou. Depois disso, levei a “cantada” mais direta que já havia recebido em toda a minha vida. Assim, “na lata”. “Você é linda!”, “Eu ia trabalhar, mas quando te vi na rua, larguei tudo e comecei a te seguir”. 

            Fiquei tão desnorteada que não sabia o que dizer. Agradeci quando ele me chamou de “linda”, pedi desculpas, expliquei que estava atrasada e fui embora. Ele ficou de longe, pedindo desesperadamente o meu telefone, em vão. 
            Seria um dia como outro qualquer. Mas esse fato mudou o meu dia. No fim da tarde, já estava arrependida. Ai, como fui estúpida! Custava ter dado o telefone?
 
 
by Ângela Ramalho - imagem google