ENTRE FLORES E ESPINHOS - EC
O Senhor da Vida deu-me um longo tempo para viver aqui na Terra e uma importante tarefa para realizar.
Havia um grande campo onde cresciam maravilhosas plantas cujas flores atraiam as borboletas e outras que produziam saborosos frutos para o deleite dos homens e dos pássaros.
Eu devia cultivar esse campo, multiplicando sua riqueza e aumentando o seu esplendor.
A tarefa não era fácil. A terra era árida e eu tive que regá-la com o meu suor, minhas lágrimas e até o meu sangue.
Mas o Divino repôs o meu sangue, enxugou minhas lágrimas e abençoou o meu suor.
Vieram as tempestades. Eu precisei proteger as frágeis plantinhas com minhas mãos em concha, mas eu tinha só duas mãos e optei pela Esperança, pois sabia que se ela sobrevivesse as demais poderiam viver também.
Minha Coragem desabou com o vento forte e eu tive que fazer um grande esforço para levantar-lhe os galhos caídos; o granizo castigou minha Paciência que frágil quase não sobreviveu à avalanche de pedras: a Fé perdeu muito de sua força, eu precisei da ajuda Divina para reanimá-la e a Alegria ficou tão machucada que pensei que nunca mais seria a mesma.
Só o Amor sobreviveu incólume á fúria dos elementos, pois ele tudo suporta sem se abater.
Com o Amor e a Esperança sempre pude começar de novo depois de cada borrasca, reconstruindo, reparando todos os estragos, recomeçando quantas vezes fossem necessárias.
Mas, o pior de tudo foram as ervas daninhas que cresciam com uma força incrível vinda não sei de onde.
O Ódio lançava espinhos pontiagudos que me machucavam sem que nada conseguisse fazer para dizimá-los, já a Magoa se deixava dominar complacente, mas, traiçoeira sempre deixava sementes que voltavam a brotar. O Orgulho era espaçoso, crescia mais do que todas as plantas e acabava por abafá-las. A Inveja era discreta, escondia-se junto ao chão, mas quanto mal espalhava a sua volta! A Falsidade tinha uma exuberante folhagem, mas não produzia flores nem frutos, enquanto a Avareza produzia frutos que apodreciam sem que eu pudesse colhê-los. E a Preguiça nada produzia, deitava-se pesadamente ao solo e se eu levantava um lado ela deitava do outro.
Essas pragas tem muita força e no afã de atacá-las muitas vezes tropeço, escorrego, mas o meu Pai Celestial sempre me ampara antes que eu me machuque demais.
E assim estou cumprindo a promessa que fiz ao Pai de devolver o seu jardim um pouco mais florido.
Bem, vocês querem saber como eu gostaria de ser lembrada?
Quando souberem de um ato de Amor, de Altruísmo, de Solidariedade, lembrem que eu colaborei na medida de minhas forças para que o Mundo fosse mais fraterno.
Porém, quando virem à violência, a criminalidade, a indiferença, a corrupção, a maldade podem me recriminar:
“Maith! Você não cuidou direito do Jardim do Senhor!”
**************************
Não percam MEMORIAS DO BUSCAPÉ = a sua novela virtual