SOU DO TEMPO DO GIBI
Galera: o seu amigo Everton não é novinho, não. Sou do tempo do gibi!... Sou do tempo que refrigerante era chamado de gasosa; do tempo que a moda masculina era calça de tergal, camisa “volta ao mundo” e sapatos vulcabrás; sou do tempo da Salvador chic... Da Sloper!
Não alcancei o bonde, mas em criança, andei muito de marinete e ônibus elétrico, afinal residia na Cidade Baixa onde circulavam esses veículos. Sou do tempo que todos os bairros possuíam o seu cinema.
E havia carnaval em várias regiões da cidade; sou do tempo que saíam pai, mãe, filho, avô, tio, todos juntos para brincarem a folia envolvidos pelo cheiro do lança-perfume. Era o tempo do “corre, corre lambretinha para ver meu bem” e não havia brigas, confusões, furtos...
Sou do tempo em que a praia da Penha, na Ribeira, possuía uma areia branquinha e cheia de búzios; sou do tempo em que nas festas de largo se vendia ainda roletes de cana; sou do tempo das passeatas e manifestações estudantis - tomei muito carreirão dos policiais, mas não desistia; sou do tempo das discotecas – curtir intensamente o “Do you wanna dance?” e o “Rock and roll lullaby”, embora a minha preferência era pelas músicas da MPB. Como tinha gente boa naquele tempo! O talento sobrava! Sou também de um tempo cheio de sonhos e esperança. Enfim, sou de um tempo em que se acreditava muito no futuro e que deixou bastante saudade.