Big Brother - ou quando a moral vai pro brejp

BIG BROTHER ou

‘Quando a moral vai pro brejo’

Antônio Mesquita Galvão

Doutor em Teologia Moral

Adital

O "big brother” é uma idéia de George Orwel, em seu livro "l984”, escrito em 1948. A obra trata da transformação dos costumes de uma sociedade. Disfarçada de democracia, a Oceania vivia constantemente vigiada sob a batuta do onipresente Grande Irmão (Big Brother). Na obra, o controlador é um sistema que revela uma futurologia sobre máquinas e câmeras que espionam a vida das pessoas.

Hoje, a sociedade brasileira é assaltada por um lixo televisivo chamado "Big Brother Brasil”, onde um grupo de aventureiros vai para uma casa, tudo patrocinado pela Rede Globo, onde se cometem as maiores barbaridades e inqualificáveis orgias, em nome da conquista de um milhão de reais, que é pago pelo resíduo dos milhares de telefonemas que os ingênuos dão para excluir alguém nos "paredôes”.

Rejeitado nos países desenvolvidos, o "Big brother”, ou BBB que teve seu modelo exportado para cá, faz um inaudito sucesso entre os tupiniquins da aldeia.

Trata-se de um "caldo de cultura” de todas as mediocridades de nosso já tão deturpado modelo social. Para a Rede Globo se trata de uma ponderável mina de ouro. Cada ligação feita pelos babacas que querem eliminar alguns "herois” colocados no "paredão” geram valores, oriundos das ligações telefônicas, que pagam o custo da operadora, o prêmio (um milhão), as despesas da "casa mais vigiada do Brasil” e ainda enchem os cofres da emissora.

Desenvolvendo uma apologia à imoralidade das ações e dos diálogos dos participantes, o BBB dá asas à bisbilhotice dos despreparados. Tudo na programação levada a efeito pela Rede Globo dá um péssimo mau-exemplo a todos, especialmente aos jovens. Apesar disto, tem gente que, não contente em assistir incondicionalmente ao programa, todas as noites, ainda paga um "pay-per-view” para ver as intimidades dos participantes. Considerando que estes são desocupados, aventureiros e as mulheres oportunistas, ávidas pelas câmeras da Play Boy. E Pedro Bial ainda tem a coragem de chamá-los de "herois”.

As câmeras vasculhando a vida das pessoas 24 horas por dia, criam um novo tipo de voyeurismo social, onde o que importa é ver a fulaninha tomando banho, o cicrano fazendo cocô e a turma debaixo dos lençois. O BBB é um hino à mediocridade e à desfaçatez moral. É o ápice da inconsistência social.

Esta é uma das tantas iniciativas da televisão de moldar os costumes e a moral do povão. E dizem que isto é comunicação. Na obra de Orwel, as fábricas continham placas com o lema: "dois mais dois são cinco se o partido quiser”. No Brasil se pode afirmar que "dois mais dois são cinco se a Rede Globo quiser”.

Falando em comunicação eu me lembrei de São Paulo apóstolo. Aquele, sim, era um comunicador! Lutando com todas as dificuldades ele levou a mensagem do evangelho a todo mundo. Já pensaram se ele tivesse disponível a Internet? Ou um laptop para mandar suas cartas? Ou uma linha aérea que o levasse de Tarso a Atenas?

Ainda no terreno da imaginação, será que São Paulo gostaria do BBB da Globo? O que ele diria a respeito desse "fenômeno”? "Ao invés de pensar, os homens obscureceram suas mentes vazias; pretendendo-se sábios, revelaram-se tolos”. "Desprezando o conhecimento de Deus, foram abandonados ao sabor de uma mente incapaz de julgar, cheia de injustiça, perversidade, malícia e deslealdade”. "Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente”. "Vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. Mas vistam-se do Cristo, e não sigam os instintos egoístas”. E, por fim "Vai chegar o tempo que não suportarão ouvir a doutrina, desviarão os ouvidos da verdade para se alimentarem de fábulas”.