AS FLORES E SEU SIMBOLISMO
AS FLORES E O SEU SIMBOLISMO
(Para Brasília Fernandes Rodrigues)
Francisco Obery Rodrigues
Quando minha esposa, Brasília, sofreu uma trombose na perna esquerda e teve que ser hospitalizada, numa das tardes em que fui visitá-la, ocorreu-me a lembrança de levar-lhe uma flor. Procurei uma floricultura e a moça que me atendeu gentilmente sugeriu-me uma flor vermelha, mas eu julguei mais significativa uma bela flor de pétalas róseas, mais bonita e de odor bem agradável. Comprei-a.
A moça a adornou com lindos ramalhetes e a envolveu num papel de celofane bordado, atou-lhe uma fita azul e ma entregou. Ao chegar ao apartamento, quando todos viram entregá-la a Brasília, com um beijo na testa, senti a sua alegria, que contagiou todos os presentes. Foi um momento de felicidade e de emoção, particularmente para mim. Logo conseguiram um jarro apropriado e lhe adicionaram água para que não murchasse. Pelos quatro dias em que Brasília ainda esteve na Casa de Saúde e até por mais alguns outros após a alta, já estando em casa, a flor permaneceu como se fora colhida naquele dia. Com o passar do tempo, perdeu o perfume, e as pétalas foram murchando e caindo, até desfalecer – o que é o destino de todos e de tudo.
Então, fiquei a pensar: que mistério envolve as rosas, as flores. Elas contêm o pólen que as abelhas sugam, tanto para fecundar outras flores e delas sair o fruto, como para delas extrair o delicioso mel, a fim de se alimentarem, mel que tem até propriedades medicinais e nós também consumimos com prazer.
As flores existem nos mais variados formatos, nas mais diversas cores e diferentes aromas, desde as mais exuberantes, como a flor do maracujá, que é roxa e linda (“Porque razão nasce roxa a flor do maracujá?”, pergunta Catulo da Paixão Cearense, em um belo poema), às da laranjeira, branquinhas e miúdas e de delicioso cheiro, às do cajueiro, flores de cores as mais variadas, cada uma com o seu perfume distinto e agradável, afora outras de inúmeras árvores silvestres que existem em nossa vasta mata, onde nascem as formosas orquídeas. Ah, a flor do bogarí, nenhuma a iguala em perfume Geralmente as flores que se vendem nas floriculturas são cultivadas em locais apropriados e já com a finalidade de serem comercializadas. E o que dizer das humildes flores que brotam no mato rasteiro das ruas não calçadas?
A oferta de flores é motivo de alegria para os namorados, seja nos dias de aniversario, de noivado ou de casamento. Os casais também se presenteiam nas datas festivas. Nos casamentos, os altares e os locais de recepção também com elas são engalanados. Igualmente nos dias em que, na Igreja, celebram datas comemorativas de eventos especiais. Nos falecimentos, costuma-se mandar coroas ou ramalhetes. Nos dias dedicados aos finados, aos entes queridos já falecidos, coroas ou simples buquês ornamentam seus túmulos. Assim, como vimos, as flores embelezam todas as datas, sejam as de alegria, sejam as de dor.
É inquestionável seu simbolismo. Quem foi que introduziu esse belo costume? Apurei no Google que “dar flores remonta a 1700, quando Carlos II, da Suécia, introduziu na Europa o costume persa da “linguagem das flores” , onde livros sobre o significado das flores foram publicados. A rosa vermelha tornou-se o significado do amor e da paixão, e até seria a favorita de Venus.
Como não poderia deixar de acontecer, a rosa tem sido motivo de inspiração para muitos poetas, sobretudo nas poemas de amor. A misteriosa Flor de Lotus, inspiração de belo poema de Rabindranath Tagore. Florbela Espanca escreveu o soneto “Rosa”. As rosas também fascinaram Beatriz Barroso e Thiago Azevedo. Castro Alves as decantou em “As Duas Flores”. Antigas e imortais canções tiveram na rosa a sua iluminação: “Rosa”, do imortal Pixinguinha; “As Rosas Não Falam”, de Cartola; “Rosa de Maio”, de Custódio Mesquita e Evaldo Barbosa, e talvez outras que lembro agora.
Hoje, são inúmeras as variedades das rosas. Na Alemanha há um parque, muito bem cuidado, com 12,5 hectares, fundado em torno do ano 1003, contendo atualmente 600.000 roseiras, com 6.800 espécies.
Se você ama sua mãe, sua esposa, sua noiva ou sua namorada, ou simplesmente uma pessoa que seja sua colega ou amiga, ofereça-lhe uma flor, mesmo que não seja numa data significativa, certo de que esse gesto constituirá uma agradável surpresa.
Deus é a inteligência suprema, um artista admirável De tudo Ele fez para felicidade do homem. O Sol, o Céu com as estrelas, a Lua, os Mares, a Chuva, os Pássaros e a Floresta, esta com uma imensa variedade de espécies, que dão flores e frutos. As flores, fê-las de todos os formatos, cores e aromas, inspiração e ornamento para o amor, As flores que fornecem o néctar que alimenta, além das abelhas, os nossos coloridos e lindos colibris, os chamados beija-flores. Que bela a Natureza!
Esta crônica, comecei a escrever inspirado no gesto de levar uma flor para Brasília - minha esposa há quase 64 anos- quando ela estava hospitalizada, numa manifestação de carinho. Não sei, caro leitor, se gostou do que leu. De qualquer modo, reflita no sentimento que me induziu a redigir este texto. Então, se você for um bom amigo, mande também uma flor simbólica para Brasília, entregando-a ao Vento, meu velho companheiro, que ele a trará e eu lha entregarei com certeza.