Saudades de mim 11. Caçadores de borboletas....
No verão, os pastos da fazenda fervilhavam de borboletas, especialmente as Monarcas que visitavam às pencas os cachos de flores vermelhas de um arbusto venenoso muito comum naqueles pastos e eu e meus irmãos éramos os caçadores implacaveis delas. Íamos armados com peneiras bem devagarinho e vapt! jogavamos a peneira na planta aprisionando muitas borboletas e fazendo pressão na peneira contra o solo, enfiávamos as mãos pequeninas por baixo as pegávamos e amarrávamos pelo abdomem com uma linha de retrós e brincávamos como se fossem pequenas pipas e as pobrezinhas tentavam escapar e nós a retínhamos puxando a linha e muitas vezes elas partiam deixando só o abdomem na linha, mas não iam muito longe, logo morriam. Muitas vezes deixávamos que partissem com a linha, mas também não iam muito longe.... Também éramos os algozes dos vaga-lumes que apareciam no lusco-fusco e competíamos para ver quem pegava mais. Às vezes os esfregávamos na roupa por causa do brilho que ficava ou colocávamos em garrafas, fazendo de conta que era lanterna e no outro dia ao olharmos, eram apenas bichinhos feios, sem luz, sem graça, a maioria morta por causa do confinamento, então os jogávamos fora. Que pena! Não tínhamos consciência do valor de todo ser vivo, nosso instinto era sempre matar e matar, pois achávamos estar fazendo o certo acreditando que certos bichos não prestavam para nada, isso incluia sapos, lagartixas, cobras, morcegos, gambás e até anús e corujas que considerávamos aves agourentas. Pode? Não tenho saudades disso não!