O futuro não funciona
Hoje, Primeiro dia do mês de fevereiro, é também o primeiro dia de minhas férias. Resolvi tirá-las porque ainda não estou totalmente recuperada e poderei assim fazer o circuito médico com tranqüilidade.
Seria o meu sétimo ano como Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Lavras. Digo seria porque desde que adoeci minha participação tem sido mínima – a equipe que trabalha comigo tem feito tudo e eu não faço falta – no entanto, por gentileza agem como se eu fosse a pessoa mais importante da equipe. Seria também o décimo primeiro de uma parceria com a Prefeita Municipal – trabalhei antes com ela, em seu primeiro mandato, como Secretária de Educação.
Trabalhar na administração pública, principalmente em cargos de confiança, é sempre um desafio. Como já disse um antigo Ministro, eu não sou, eu estou. Porque aquilo que em confiança nos é dado, por desconfiança também pode ser tomado. Hoje estou, no momento seguinte já não mais. E isso é uma grande oportunidade para o aprendizado da transitoriedade. Porque é isso o que a vida é – transitória.
Todos os finais de ano, nossa tendência é planejar, arquitetar mudanças. No próximo ano farei assim ou assado. Acho que aprendi para sempre – planejamentos, para mim agora só a curto e médio prazo. Então, estou planejando o mês de Fevereiro. E só. E olha que já é muito. Porque nessa história de planejamento a gente às vezes esquece-se de avisar o outro – ou seja: planejo viajar para a Finlândia, mas esqueço de avisar o tempo para que não provoque nenhuma tempestade de neve.
Pensei: vou aproveitar para ir aos médicos tal e tal. Mas um ainda não voltou das férias, o outro não atende ao telefone e assim por diante de forma que só consegui preencher duas vagas na minha agenda. Vou ali e aqui, mas ali está fechado e aqui ainda não abriu. E assim o dia vai passando e eu percebendo que mesmo o curto prazo às vezes se torna inviável.
Na Farmácia o remédio que me é imprescindível custa quase R$100,00 e está em falta. Na Farmácia Municipal pego os remédios para a diabetes que são de graça – supostamente. É uma Política do Governo Federal bancada pelos impostos que pago, mas mesmo assim fico ressabiada por consegui-los: será que alguém ficará sem ele por minha causa? É uma pergunta gerada pelo falso conceito de cidadania – sou cidadã, sou honesta, não sonego, tenho direitos. Exercer os direitos é tão importante como cumprir com os deveres. Um país só deixa realmente de ser apenas uma extensão territorial quando se transforma em Nação: e, para ser uma Nação seus cidadãos precisam ter consciência disso.
Comprei uma agenda pequenina para não pesar na bolsa e para caber o mínimo de projetos. Comprei um livro/caderno da Agenda da Tribo - Resumo da Ópera e o abri hoje – vou escrever meu planejamento para fevereiro, pensei. Na primeira página em branco está escrito assim: “Já vi o futuro, e não funciona” Robert Fulford .* E, se não funciona por que hei de me preocupar com ele? O mais que posso fazer é fazer o hoje funcionar. Mesmo sem nenhum planejamento escrito.
* Jornalista canadense.
Hoje, Primeiro dia do mês de fevereiro, é também o primeiro dia de minhas férias. Resolvi tirá-las porque ainda não estou totalmente recuperada e poderei assim fazer o circuito médico com tranqüilidade.
Seria o meu sétimo ano como Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Lavras. Digo seria porque desde que adoeci minha participação tem sido mínima – a equipe que trabalha comigo tem feito tudo e eu não faço falta – no entanto, por gentileza agem como se eu fosse a pessoa mais importante da equipe. Seria também o décimo primeiro de uma parceria com a Prefeita Municipal – trabalhei antes com ela, em seu primeiro mandato, como Secretária de Educação.
Trabalhar na administração pública, principalmente em cargos de confiança, é sempre um desafio. Como já disse um antigo Ministro, eu não sou, eu estou. Porque aquilo que em confiança nos é dado, por desconfiança também pode ser tomado. Hoje estou, no momento seguinte já não mais. E isso é uma grande oportunidade para o aprendizado da transitoriedade. Porque é isso o que a vida é – transitória.
Todos os finais de ano, nossa tendência é planejar, arquitetar mudanças. No próximo ano farei assim ou assado. Acho que aprendi para sempre – planejamentos, para mim agora só a curto e médio prazo. Então, estou planejando o mês de Fevereiro. E só. E olha que já é muito. Porque nessa história de planejamento a gente às vezes esquece-se de avisar o outro – ou seja: planejo viajar para a Finlândia, mas esqueço de avisar o tempo para que não provoque nenhuma tempestade de neve.
Pensei: vou aproveitar para ir aos médicos tal e tal. Mas um ainda não voltou das férias, o outro não atende ao telefone e assim por diante de forma que só consegui preencher duas vagas na minha agenda. Vou ali e aqui, mas ali está fechado e aqui ainda não abriu. E assim o dia vai passando e eu percebendo que mesmo o curto prazo às vezes se torna inviável.
Na Farmácia o remédio que me é imprescindível custa quase R$100,00 e está em falta. Na Farmácia Municipal pego os remédios para a diabetes que são de graça – supostamente. É uma Política do Governo Federal bancada pelos impostos que pago, mas mesmo assim fico ressabiada por consegui-los: será que alguém ficará sem ele por minha causa? É uma pergunta gerada pelo falso conceito de cidadania – sou cidadã, sou honesta, não sonego, tenho direitos. Exercer os direitos é tão importante como cumprir com os deveres. Um país só deixa realmente de ser apenas uma extensão territorial quando se transforma em Nação: e, para ser uma Nação seus cidadãos precisam ter consciência disso.
Comprei uma agenda pequenina para não pesar na bolsa e para caber o mínimo de projetos. Comprei um livro/caderno da Agenda da Tribo - Resumo da Ópera e o abri hoje – vou escrever meu planejamento para fevereiro, pensei. Na primeira página em branco está escrito assim: “Já vi o futuro, e não funciona” Robert Fulford .* E, se não funciona por que hei de me preocupar com ele? O mais que posso fazer é fazer o hoje funcionar. Mesmo sem nenhum planejamento escrito.
* Jornalista canadense.