O TEMPO DO HOMEM E O TEMPO DE DEUS.
POR CARLOS SENA
Atire sempre a primeira pedra...; cuspa sempre pro alto...; quem com ferro fere, com ferro será ferido...; aponte o argueiro no olho do outro, mas não SE esqueça da tora de madeira que tem no seu.
Assim tem caminhado a humanidade, a despeito dos ensinamentos cristãos que avocam sempre o “não julgueis para não serdes julgados”... Na pouca observância dos princípios cristãos citados e de outros tantos subentendidos, caminhamos nossas trilhas de vida julgando coisas e pessoas com bases nas nossas medidas. Entendo que JULGAR seja uma das coisas mais difíceis da vida, principalmente se temos responsabilidades com os nossos atos. O outro lado dessa moeda “Não queira para os outros o que não quer pra si”, igualmente se observa pouco. São os dois lados da mesma balança. Um lado nos diz que não devemos julgar e o outro que não devemos querer para o outro o que não queremos pra nós, conforme vimos. Vale esta repetição pela grandeza extrema desses ensinamentos que, contraditoriamente, são ditos sem mistérios e sem inserção de filosofias de almanaque Biotônico Fontoura. São mensagens sobre as quais não resta duvidas de compreensão como as conhecidas parábolas do tempo de Jesus na terra. Contudo, naquela época, não fossem as parábolas, Ele teria morrido antes do tempo, com certeza.
Atualmente, diante de tanta sofisticação e de tantos meios e veículos de comunicação, essas lições tem repercutido em pouca prática no nosso cotidiano. O que mais somos vítimas é de julgamentos pelos nossos iguais. O Que mais somos vítimas é de sentenças decorrentes desses julgamentos. Diante deles nem sempre a gente pode se defender, posto que os tribunais que procedem a esses julgamentos e condenações são aqueles mantidos PELAS CONSCIENCIAS INDIVIDUAIS. Parece mesmo que o mundo está cheio de pequenos “deuses” que se arvoram a julgamentos tomando por base suas próprias medidas. Nenhuma medida de julgamento individual serve para o julgamento do outro. Mas tem sido isto o que se vê no dia a dia da grande maioria das pessoas. Aos injustiçados competirá pouco, do ponto de vista prático da ação. Um falso testemunho poderá levar uma pessoa ao desespero! Nesses casos, fundamental é não perder a fé no tempo e nas coisas de Deus. Se eu creio em Deus já me basta a certeza de que o tempo será por ele realizador das minhas verdades. O tempo humano é diferente do tempo de Deus. O tempo humano é como se acontecesse dentro de um compasso musical. O de Deus acontece como o vento: invade-nos sem que percebêssemos e resolve nossa “parada”... Importante é ter a consciência temporal. Como se fosse uma vida em três tempos: o nosso, o do outro e o de Deus.
O grande problema é que somos (ainda bem) pecadores! E como tais, queremos tudo a contento, principalmente quando somos humilhados, vilipendiados, postos pra trás. O que a gente tem que passar geralmente passa. Não advogamos que nascemos com o destino traçado, até porque isto é crer no determinismo. Contudo, certas coisas que passamos teriam que nos acontecer, para que aprendêssemos com elas. Certo que nossa inteligência bem que poderia nos livrar de certas situações e a gente termina “pagando pra ver”. Há de se compreender que, com o passar do tempo a gente vai cada vez menos “pagando pra ver”, por conta da nossa maturidade. Nossa relação com Deus nos fortalece nisto, pois só ela poderá nos subsidiar na compreensão dos tempos do outro e do nosso. Não no de Deus, posto que é atemporal.
Um belo dia a gente vê sumindo humilhação em nossa volta. Devemos nos assustar? Segundo Dom Helder, sim! E ele está certo, desde que as humilhações que somem em nossa volta aconteçam distante da nossa razão critica e reflexiva dos nossos processos interiores.
Escutar a intuição é melhor do que ouvir galanteios; escutar o amor é melhor do que sucumbir em paixões. A lógica do amor nunca será démodé, como alguns jovens de hoje dão a entender que seja assim. A lógica do amor é a mesma da vida, posto que sem ela vida não a existiria. A lógica do existir é a mesma da felicidade, sem a qual o sentido da vida se perderia em si.
Credito os que julgam e condenam ao desconhecimento dos princípios cristãos elementares. O que dói, às vezes, é que quando o produto das suas insensatezes retorna pra eles como formas de ensinamento, dificilmente sabem tirar o proveito necessário para progredirem por dentro. Geralmente continuam julgando e condenando como se a vida fosse só isso que se vê. A Lei do retorno é inexoravelmente aplicada independente do que se diga sobre ela. O que não falta no momento é corrente de pensamentos que esboçam justificativos prós e contra essa Lei que costumamos chamar de RETORNO. Independente, o mundo da era do conhecimento já dá sinais de se render diante das evidências que se descortinam em plena era de Aquário, ou do conhecimento como se divulga.
Resta aos injustiçados o aguardo do tempo de Deus. Resta-lhes também a consciência de que perdoar é preciso, para que não se insira no circulo vicioso do também julgar e condenar.