Crônica do Alegre Desespero
Li hoje um poema de Antônio Gedeão que publiquei em meu blog Mulher Madura ( http://marmel0.blogspot.com ). O nome é Poema do Alegre Desespero e fazia tempo que eu não lia um poema que me impressionasse tanto. No poema o autor questiona a inutilidade de todas as coisas frente ao tempo que transforma tudo em pó e então fiquei pensando em minhas lembranças e nas coisas que apenas serão enquanto eu for.
Talvez esses meus pensamentos sejam apenas ocasionados em função do momento que estou vivendo e que me levam a questionar toda a minha vida. Que sejam. Preciso esgotá-los para criar outros mais felizes e alegres.
Então eu pergunto o que será daquela menininha que um dia fez birra em Aparecida do Norte porque desejou uma bolsa rosa e branca e só conseguiu uma vermelha. Ou daquela que não conseguia dormir a noite ansiosa para o dia clarear porque desejava mais que tudo levantar-se e ir para a escola. Ou daquela que se lambuzava de doce de abóbora com coco que a avó fazia para agradá-la. Ou então daquela que adorava furar as bolsas de ar que se formava nas lingüiças que eram feitas na cozinha da avó.
Essa menina não existe mais e seus sonhos também não. A avó não existe mais, a avó que um dia tirou um retrato ao lado do sério avô, seu marido e do retrato inclusive deve haver pouquíssimas cópias..
Gosto de pensar que a avó continua assentada no banco de madeira que ficava do lado de fora de sua casa papeando com as amigas. Só que o banco também não existe mais. E não é nada fácil imaginá-la assentada em um banco de nuvens a nossa espera na porta do céu.
Fui professora de História e o mundo que veio antes de mim era fascinante. Hoje já esqueci quase tudo que aprendi e ensinei. Questiono inclusive a importância de meu papel como educadora na formação do interesse pela História. O processo do simples existir se transforma a cada segundo. Tenho pena dos professores que estão hoje frente a uma sala e nem conseguem despertar o interesse dos alunos a sua frente. Alunos que dominam uma tecnologia bem mais avançada que eles. A única forma que conheço de educar que vale a pena é despertando a curiosidade do educando e permitindo que ele seja criativo.Hoje isso raramente se consegue na escola.
.
Lá vou eu mudando de assunto outra vez, Mas acaba de sair de minha casa uma ex aluna que eu pensava nem se lembrar de mim, mas ela se lembrou com carinho e ao fazer bem feito o seu serviço senti muito orgulho. Ela é fisioterapeuta e veio dar um jeito em minha perna esquerda que é muito teimosa. E essa crônica que era para ser desesperada ficou de novo sem desespero nenhum apesar da consciência que tenho de que na verdade nada mudou: o tempo continua a ser um mistério e a desfazer tudo em pó.
Li hoje um poema de Antônio Gedeão que publiquei em meu blog Mulher Madura ( http://marmel0.blogspot.com ). O nome é Poema do Alegre Desespero e fazia tempo que eu não lia um poema que me impressionasse tanto. No poema o autor questiona a inutilidade de todas as coisas frente ao tempo que transforma tudo em pó e então fiquei pensando em minhas lembranças e nas coisas que apenas serão enquanto eu for.
Talvez esses meus pensamentos sejam apenas ocasionados em função do momento que estou vivendo e que me levam a questionar toda a minha vida. Que sejam. Preciso esgotá-los para criar outros mais felizes e alegres.
Então eu pergunto o que será daquela menininha que um dia fez birra em Aparecida do Norte porque desejou uma bolsa rosa e branca e só conseguiu uma vermelha. Ou daquela que não conseguia dormir a noite ansiosa para o dia clarear porque desejava mais que tudo levantar-se e ir para a escola. Ou daquela que se lambuzava de doce de abóbora com coco que a avó fazia para agradá-la. Ou então daquela que adorava furar as bolsas de ar que se formava nas lingüiças que eram feitas na cozinha da avó.
Essa menina não existe mais e seus sonhos também não. A avó não existe mais, a avó que um dia tirou um retrato ao lado do sério avô, seu marido e do retrato inclusive deve haver pouquíssimas cópias..
Gosto de pensar que a avó continua assentada no banco de madeira que ficava do lado de fora de sua casa papeando com as amigas. Só que o banco também não existe mais. E não é nada fácil imaginá-la assentada em um banco de nuvens a nossa espera na porta do céu.
Fui professora de História e o mundo que veio antes de mim era fascinante. Hoje já esqueci quase tudo que aprendi e ensinei. Questiono inclusive a importância de meu papel como educadora na formação do interesse pela História. O processo do simples existir se transforma a cada segundo. Tenho pena dos professores que estão hoje frente a uma sala e nem conseguem despertar o interesse dos alunos a sua frente. Alunos que dominam uma tecnologia bem mais avançada que eles. A única forma que conheço de educar que vale a pena é despertando a curiosidade do educando e permitindo que ele seja criativo.Hoje isso raramente se consegue na escola.
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Lá vou eu mudando de assunto outra vez, Mas acaba de sair de minha casa uma ex aluna que eu pensava nem se lembrar de mim, mas ela se lembrou com carinho e ao fazer bem feito o seu serviço senti muito orgulho. Ela é fisioterapeuta e veio dar um jeito em minha perna esquerda que é muito teimosa. E essa crônica que era para ser desesperada ficou de novo sem desespero nenhum apesar da consciência que tenho de que na verdade nada mudou: o tempo continua a ser um mistério e a desfazer tudo em pó.