não sei, só que estou feliz, triste, com saudade e confusa...

 

 

Se me perguntarem como estou, direi que estou assim. Assim, de um jeito que não sei explicar, mas, é assim. Posso dizer que estou feliz, não estaria mentindo. Ou quem sabe, poderia dizer que me sinto realizada, estaria falando a verdade. Mas, se disser que estou triste, também estaria sendo honesta. Se confessar que estou com saudade, também estaria sendo fiel ao que sinto. Estou confusa?!

 

Os sentimentos estão misturados dentro de mim agora, sem conflitos, mas, também, sem nenhum acordo a curto ou longo prazo. É assim que sinto. Cada um querendo para si o momento inteiro, a cada um deles me entrego – inteira, verdadeira.

 

 Estou feliz porque realizei coisas que jamais pensei ser capaz de fazer ou poder. Descobri que posso fazer mais do que jamais pensei ou ousei sonhar. Faço coisas sem saber bem porque as estou fazendo e descubro, maravilhada, que fiz porque era o que devia ter feito. O que me levou a fazê-las? Intuição? Percepção? Experiência? Conhecimento? Não sei! Só sei que as coisas vão acontecendo e me levando com elas, quando percebo já estou inserida em muitas delas, em situações que não planejei, mas que, de algum modo, hoje, acabo por fazer a diferença.

 

Estou triste porque a tristeza é algo que acompanha qualquer um que tenha sentimento dentro de si. Não há como não senti-la na medida em que percebemos as desigualdades, a violência crescente, a fome, as doenças. Diante dessa percepção nos sentimos impotentes, pequenos – tristes.

 

Sinto saudade do que era para ter sido e não foi, receio do que será. Tenho saudade dos sonhos que sonhei e que se perderam na concretude do real. Sonhos que por mais que eu possa realizar milhões de outros, nunca poderão ser substituídos. 

             Tenho saudade da minha vida, mas não tenho saudade de algumas coisas que alteraram meu viver. Quando digo que tenho saudade, é apenas isto o que estou dizendo. Não estou reclamando de volta a vida que tive, estou feliz com a vida que tenho hoje e com os sonhos da vida que vou ter amanhã.

 

Sei que tudo isso é confuso. Que pareço dizer o contrário do que sinto/sou. Sei que confundo. Os outros e a mim, muitas vezes – ou seria quase sempre?
 

Muitas vezes me sinto uma completa estranha, em outras, acho que sou a única humana que habita este planeta. Certa ou errada sou única. É assim que me sinto. É assim que sou. E, se sou única, não há ninguém para discordar de mim, mas vem a consciência de que sou parte do universo com milhões de seres únicos e, então, paro para ouvir os outros e refletir sobre as unicidades de cada um.

 

Então, encantada com essa diversidade me pergunto: como podemos ser tão diferentes se somos tão iguais? Não sei a resposta. Mas, sei que estou feliz, estou triste, estou com saudade e confusa... E que sou alguém em busca de respostas geradoras de novas perguntas...

 


Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 02/01/2011
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T2704579
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