AMIGO.
A volta da praia é sempre pior do que a ida, com chuva de madrugada não há nada então com o que comparar, de tão ruim.
Dentro do carro cinco pessoas, eu, minha esposa e três filhos dormindo no banco de trás.
Tudo ia bem, até começarmos a ouvir um estranho barulho vindo do motor do carro.
Diminui a velocidade, abaixamos o volume do radio e prestamos atenção no ruído que aumentava de intensidade, até que parou junto com o motor.
Estacionei em um lugar aparentemente seguro. Peguei uma lanterna. Saí e fui verificar debaixo da chuva o que tinha acontecido.
Abri o capô e olhei o motor. Foi o mesmo que ler um livro escrito em chinês.
Voltei para dentro do carro. Minha esposa perguntou:- “E aí?”
-Sei lá! Respondi. Tentei ligar mais uma vez o motor sem conseguir.
-E agora o que vou fazer? Perguntei a mim mesmo.
-Ligue para o Ailton.
-Você tá doida? São três horas da madrugada. Estamos no meio do nada. Você acha que vou fazer isso?
Olhei para ela. Pequei o celular e liguei.
Do outro lado, uma sonolenta e preocupada voz, atendeu.
Depois que me identifiquei, perguntou o que tinha acontecido.
-Desculpe ter que incomodá-lo Ailton, mas não sabia a quem recorrer. O carro quebrou na estrada, estou com toda a família e...
-O que aconteceu com carro?
Expliquei tudo a ele.
-Consegue dizer onde exatamente está?
-Quando saí do carro tinha uma placa. Vou lá ver.
Descrevi com exatidão o lugar onde me encontrava.
-Fique sossegado que providenciarei socorro. Falou, desligando o telefone.
Só restava a nós, aguardar.
Acabamos por dormir.
Acordamos assustados, com alguém batendo no vidro. Faróis iluminavam a tudo.
Abaixei o vidro do carro e surpreso, reconheci a pessoa que batia.
Abri a porta, o abracei perguntando que estava fazendo ali.
-Estão todos bem? Respondeu perguntando. A Irai está no carro, trouxemos café, chocolate quente e sanduiches.
Irai sua aparente frágil e delicada esposa, veio juntar-se a nós.
Assim era o Doutor Ailton Paulo de Almeida meu Amigo, sempre maiúsculo. Podíamos com ele contar não importava a hora, o dia ou o lugar.
Fazia questão de receber na cozinha de sua casa, dizia ser o melhor lugar, pois, se conversava sem necessidade de parar para comer ou tomar um cafezinho.
Tão festeiro era que foi na frente preparar nossa recepção.