Insensatez
Me calo quando deveria falar,
ouço o que preciso na hora imprópria
e vamos levando esse naufrágio
sem consertá-lo ou ao menos
pular fora como ratos medrosos
O pior, nos tornamos sádicos, instigando
o amor e o ódio em nós
ouço promeças que nunca foram
ou serão cumpridas
pura covardia, não se abandonar
para algo incerto com a possibilidade
do muito melhor
E fico piedosamente criando uma nova chance
usando a esperança como desculpa para o
retorno, tão necessário, à harmonia
dos tempos iniciais
Não nos enganemos! não há retorno! agora
conhecemos quem somos.
Antes só sentíamos
o perfume de nosso adorno, agora só a
podridão de nossas almas.
Plenamente humanas e rotas, sujas e feias
egoístas e ocas.
Que venha logo o fim! - secretamente pedimos -
Mas para que? Para recomeçar com perfume e
adornos, terminando náufragos ao
fedor de peixe?