Insensatez

Me calo quando deveria falar,

ouço o que preciso na hora imprópria

e vamos levando esse naufrágio

sem consertá-lo ou ao menos

pular fora como ratos medrosos

O pior, nos tornamos sádicos, instigando

o amor e o ódio em nós

ouço promeças que nunca foram

ou serão cumpridas

pura covardia, não se abandonar

para algo incerto com a possibilidade

do muito melhor

E fico piedosamente criando uma nova chance

usando a esperança como desculpa para o

retorno, tão necessário, à harmonia

dos tempos iniciais

Não nos enganemos! não há retorno! agora

conhecemos quem somos.

Antes só sentíamos

o perfume de nosso adorno, agora só a

podridão de nossas almas.

Plenamente humanas e rotas, sujas e feias

egoístas e ocas.

Que venha logo o fim! - secretamente pedimos -

Mas para que? Para recomeçar com perfume e

adornos, terminando náufragos ao

fedor de peixe?

Elias F Mourão
Enviado por Elias F Mourão em 28/12/2010
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2695200
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