NÃO HÁ QUEDAS PARA A IDOLATRIA (BVIW)

Enquanto o dia de desfilar não chegava ela sabia de tudo que devia fazer para manter o corpo perfeito. Outra coisa que sabia era que não havia roupa que não ficasse bonita nele, dizia-lhe a mãe. Por isso queria ser top model. Enrolou o salmon na alface e pensou enquanto levava o garfo à boca, no sabor de uma picanha. Mas maior era o prazer de imaginar-se como ela... De qualquer forma precisava que o dia chegasse.

Nem se entusiasmara com o carro novo que ganhara do pai. Sonhava em destacar-se como Agyness Deyn. Queria fazer daquele desejo um ás para outros sentimentos e ambições. Seguiria os conselhos da mãe para evitar as falsas amigas chamadas “drogas”?

Chegara o dia de assistir ao desfile da modelo preferida em Nova York. A viu cair de joelho na passarela. A viu levantar-se com um fantástico sorriso sem nem imaginar que teria a segunda queda antes de se livrar das malditas sandálias. Como seria ter duas quedas em um mesmo desfile para anotar no currículo? Sentiu uma ternura imensa reforçar seus sonhos.

Aprenderia a lidar com beleza dos ossos do ofício desta e qualquer outra profissão enquanto o dia não chegasse? Todos sonham com permanente ascensão. Se chegasse a ser Agyness anotaria as quedas com prazer? Até onde iriam seus sonhos e idolatria? Para saber, esperaria o dia.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 15/12/2010
Código do texto: T2673090
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