VIROSES
Tem uns surtos de vez em quando que não chegam a se transformar em epidemias mas levam muita gente aos hospitais. Alguns vírus ou bactérias desgarradas do controle da saúde pública que afetam muita gente. Vão todos correndo para os atendimentos de emergência e na emergência de atender a todos ou por falta de maiores cuidados com uma pesquisa mais apurada, alguns médicos costumam diagnosticar virose. Um diagnóstico tão cheio na resposta e vazio de significados que a gente até “assurta”. Assurtar é assustar e surtar ao mesmo tempo.
O que é uma virose? Nada demais. Algum grupo de vírus subversivos que resolvem sair de sua redoma ali das bandas da sala de anticorpos, seu lugar determinado, e dar uma volta pelo corpo da pessoa, causando-lhe desconfortos de toda espécie, a ponto de minar as resistências. Vão e voltam depois para o seu devido lugar sem precisar medicação nem nada. Basta repouso. Vai ver que é esse o motivo da rebelião interna. Reivindicam que aquele corpo que os pertence se aquiete. Uma forma de fazer reféns crianças agitadas e gente que trabalha muito ou abusa do esforço físico ou mental. Isso tudo que eu disse é levando-se em conta o diagnóstico que foi dado.
Nesse meio aparecem pessoas com os mesmos sintomas, porém com problemas muito diferentes, muitas vezes sérios que acabam sendo enquadrados na tal da virose. Daí a pouco se vê uma reportagem na imprensa de algum parente lamentando a morte. E na mesma matéria, ouvindo o outro lado da tragédia, a velha desculpa de que “todos os procedimentos necessários foram feitos.” “Talvez o problema tenha se agravado depois que a pessoa deixou o hospital ou posto de saúde.” Então a gente chega a conclusão que o problema estava lá no posto de saúde ou clínica ou hospital que não diagnosticou corretamente. Tarde demais ou umas vidas de menos.
E não é que com a tecnologia tem muita coisa mal explicada também? Virose então, nem se fala! Pela segunda vez me ocorreu de meus textos no word apagarem sozinhos e o diagnóstico é virose. Por módicos 80,00 a gente manda formatar o computador, apaga-se tudo o que está nele (salvando-se o essencial antes) e depois reinstalando-se tudo de novo. Mas e quando se faz isso e o problema volta sem que você tenha acessado qualquer coisa que possa conter um vírus? Aí, a gente mesmo diagnostica o que o fabricante e quase ninguém das assistências técnicas admite: defeito no programa da Microsoft. Igualzinho lá no hospital. Esses são os casos onde o cliente nunca tem razão por ignorância nos assuntos. O cliente é que não sabe mexer, o paciente é que não sabe se cuidar. Como ficou muito fácil diagnosticar vírus, vamos gastando de vez quando 80 reais e começando tudo novamente. Ainda bem que esses vírus pelo menos não matam (ainda).