VAI UM MATE AÍ, TCHÊ?
Seis horas da manhã. Relógio desperta mais cedo, para dar tempo de tomar meu chimarrão. É o meu "momento", do qual não abro mão, diariamente. Hora em que "desamarro meu burrinho", pois sempre acordo com o humor no dedão do pé. Depois de meia hora na companhia de mim mesma e do bom "amargo", estou pronta para iniciar mais um dia de trabalho.
Com certeza não sou a única, pelo menos no que concerne ao chimarrão. Acredito que 99% dos gaúchos, mais da metade dos catarinenses, grande parte dos paranaenses e outros tantos gaúchos espalhados por esse Brasil, têm esse hábito (pelo menos o meu amigo caxiense Dante Marcucci tem).
Existem várias lendas sobre a origem da erva-mate entre os indígenas. Segundo uma lenda guarani, um viajante, que ficara amigo de um velho índio, disse-lhe que era um pajé enviado de Tupã e perguntou-lhe: "O que te falta, meu bom amigo?" O velho disse que queria ter um companheiro cheio de paciência, que o distraísse e lhe desse força. O enviado de Tupã respondeu: "Vou lhe dar uma planta muito verde, você colhe, seque, triture as folhas e coloque dentro de um catuto, acrescentando água quente ou fria. Nessa bebida você terá uma companhia saudável e uma companheira nas horas de solidão ". Assim nasceu a bebida caá-y que os brancos, mais tarde, adotaram com o nome de chimarrão. O chimarrão é o mate amargo que se toma numa cuia de porongo com uma bomba de metal.
A tradição do chimarrão é antiga. Soldados espanhóis que, em 1536, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes "borracheras". No dia seguinte, a ressaca era grande! Notaram, então, que tomando o chá de ervas dos índios Guarany, a ressaca sumia. Ficaram fãs da bebida e transportaram a erva para o Rio Grande.
Enquanto os paraguaios são os únicos que tomam o chimarrão frio (tererê), os gaúchos preferem tomá-lo quente. Na Argentina e no Uruguai a erva é triturada, no Brasil é socada. Segundo diversos autores, o mate, tomado à noite, provoca insônia. Seu uso moderado estimula a imaginação e é um sedativo do sistema nervoso. Mas não deve ser tomado com água muito quente.
Para encerrar este assunto sério, um pouco de humor que encontrei na Página do Gaúcho (www.paginadogaucho.com.br), fazendo comparações entre a mulher ao chimarrão:
*** MOÇA ***
* mui inteligente, é mate com bomba nova: custa-se acertar a embocadura e às vezes não se acerta nunca;
* do olho parado, é mate frio: tereré não resolve;
* desfrutável, é o primeiro mate: tome o mais que possa e cuspa fora, que os pintos logo aproveitam;
* criada mui solta, é mate de roda mui grande: na nossa vez a erva já está lavada;
* mui presa, é mate quente e entupido: quando desentope é um deus nos acuda, sai pelando os beiços;
* rechonchuda, é mate com cancerosa: bom pro sangue uma barbaridade;
* morena de olho reluzente, é mate enchido pela bomba: com água de pelar porco;
* viúva nova, linda e rica, é mate com bolo frito: para o descanso não há nada igual.
Vai um mate aí, tchê?