TARDE DEMAIS ...     

     Totonho, Cearense nato, gabava-se "cabra-macho" e que mulher nenhuma colocaria rédeas em seu lombo.
     Valdenice, moça decente, trabalhadora, carregava a esperança de "formar família" com seu príncipe encantado.
     O tempo passava e Totonho, bicho safado, nada assumia.
     Valdenice, com toda sua paciência, deixava-se levar por promessas de -"um dia desses"...
     Um ano, dois anos... Nada!
     Jeremias,  que morava em São Paulo, (rapaz "bem afeiçoado", diplomado em Administração), primo de 2º grau de Valdenice, telefonou para os pais dela,  anunciando: -"Estou em férias. Dentro de dois dias aterrissarei em Mulungu. Posso "pousar" em vossa casa?"
     Mediante resposta positiva, deu continuidade ao seu ensejo e, no Aeroporto, foi apanhado por Zezinho, cunhado de Valdenice, casado com Valdete, sua irmã mais velha.
     Chegando lá, encantou-se com Valdenice: tão meiga! Tão ingênua!, que tratou de mostrar rapidamente seus aposentos e desceu as escadas apressadamente para Totonho ligar. Pensou: -"Hoje é sexta-feira, dia de namorar!"
     Caixa Postal novamente... Nem chamada, nem chegada...
     Dois dias de amarga espera... Totonho deixara o seguinte recado: "-Viajei a negócios. Voltarei no próximo sábado".
     Logo descobriu-se que seu namorado estava "de caso" com sua "melhor amiga", a Maria, moradora da cidade vizinha.
     Valdenice nada comentou e chorou até o raiar do outro dia. Quanta desilusão!
     Chegara o dia da partida de Jeremias para sua terra natal. Ele despediu-se de seus queridos familiares, menos de Valdenice...
     Há pouco, ouviu-se, por várias vezes, o tocar do celular de Valdenice. Caixa Postal... Do outro lado da linha, Totonho ouvia um curto recado:
     - "Oi, aqui é Valdenice. Estou vivendo a vida. Deixe seu recado".
     Nunca mais encontrou pessoa tão decente e honrada e que hoje, por intermédio de Valdete, soubera, ser ela muito feliz e avó de duas lindas crianças paulistas.

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