Do consumismo infantil, perua, valores e seres especiais....
Recebi um artigo sobre a propaganda direcionada às crianças e ao consumismo infantil e durante a leitura não pude deixar de relacionar a um fato presenciado durante um passeio em São Paulo.
Em Julho fomos eu e Clara passarmos 4 dias em Sampa. Ela precisava desvencilhar-se de faculdade, ensaios teatrais e loucuras do seu dia a dia e eu queria rever umas amigas queridas.
Sábado, tarde de muito calor, fomos bater pernas pela Rua Augusta.  No meio do caminho encontramos não uma pedra como Drummond, mas uma perua exposta com marido, dois seguranças e três cachorros. A referida senhora se encontrava parada como se aguardasse os flashs espocarem.  Dois cachorros grandes tinham suas coleiras seguras pelo acompanhante que acredito ser seu marido. Ela, a estrela, segurava seu poodle - pasmem - pintado de rosa choque. Diante de cena tão bizarra pedi a Clara que fotografasse o momento. Por motivos óbvios, a foto foi cortada e só exponho o pobre cachorrinho.
A fim de que nos refizéssemos da cena, resolvemos tomar um sorvete. Sorveteria cheia, enfrentamos uma grande fila e durante esse tempo assisti a outro momento inesquecível. Antes de fazer qualquer comentário, Clara me disse: “precisamos conversar sobre o que estou vendo”. Tínhamos, ao mesmo tempo, percebido a situação.
Escolhemos nossos sorvetes e por ironia do destino a única mesa vaga era justamente ao lado da cena que nos chamou a atenção.
Faziam parte da mesa um casal, duas crianças e uma babá. Os quatro degustavam seus sorvetes, a babá só os acompanhava fisicamente. Sorvete? Babá não pode tomar sorvete acompanhada dos patrões - penso ser essa filosofia do casal. O mais velho dos meninos tinha no máximo uns 5 anos, tomava seu sorvetinho assistindo a um filme no seu laptop. Sim, o menino só tinha olhos para a pequena tela.
Saímos dali com um sentimento de pena daquela família. Um momento de lazer, um momento de conversar com seus filhos. Transmitir-lhes valores, era o momento: eu mostro o que possuo. O que será dessas crianças daqui a alguns anos? Que valores farão parte de suas vidas? Serão homofóbicos, queimarão mendigos pelo caminho, farão rodeio de caça às gordas, substituirão livros por drogas durante as aulas na faculdade, espancarão domésticas, aguardando o ônibus de volta para casa, por confundi-las com prostitutas?
Felizmente no domingo recuperamos nossa sanidade mental. Almoçamos com amigas queridas a Lis e a Damáris, à tarde  Clara foi conhecer e meditar na área do Ibirapuera, eu e a Damáris fomos à Casa das Rosas, visitamos a exposição sobre Pagu e assistimos a um Sarau delicioso.
Quarta feira, na corrida da volta, ainda encontrei um tempinho para conhecer pessoalmente a amiga Mimi, que trabalha com alunos especiais e que com ela tenho aprendido muito sobre essas pessoas tão discriminadas pela sociedade, mas que na verdade são SERES MAIS QUE ESPECIAIS.


Obs:
Ao ler o comentário do Heitor percebi que costumo escrever com letras pequenas.
Imediatamente fui consultar meus botões freudianos e acredito que escrevo dessa forma, pois não me percebo uma escritora como tantos amigos aqui do Recanto. Talvez, seja uma forma tímida de dizer que ainda estou engatinhando no caminho dos colegas que escrevem por aqui.
Aumentei a letra!