A única testemunha - BVIW
Palavras que nascem no coração pousam no papel como pétalas perfumadas, um beijo delicado ou ousado, um sorriso tímido ou um riso escancarado, lágrimas cristalinas como águas de uma cascata, uma luz suave... Desenham amores, saudades, dores, amizades, novos caminhos, novas paisagens...
Palavras áridas, ferinas, violentas e cruéis nascem nos pantanais da alma, das entranhas das emoções mais primitivas do ser humano. Quando não rasgam o papel, imprimem marcas, nódoas, sombras mal cheirosas. Contaminam, ferem, machucam, entristecem, magoam, revoltam...
Uma folha de papel em branco, um lápis nas mãos nervosas e palavras que se combatiam em sua mente. Palavras que até então não faziam parte do seu vocabulário irrompiam com a força do mar em fúria. Marta espumava como um cão raivoso enquanto batia com o lápis na mesa, girava-o entre os dedos, trincava-o com os dentes. Não admitia pôr no papel toda aquela sujeira. Não aceitava assumir todo o lixo emocional que emergia do seu interior.
Não sabe quanto tempo levou para sair deste transe que lhe tomou o corpo e a alma. Foi um longo período de confronto com aspectos seus que desconhecia – aqueles que ela considerava feios e vergonhosos - e justamente por isto foram inconscientemente escondidos. Tinha sido tomada pela sua metade rejeitada e alienada e, pela primeira vez após o período de embate com ela, rendeu-se, aceitou-a e se sentiu plenamente humana. Estava exausta, mas inteira. Sentiu-se aliviada por travar esta luta consigo mesma sem testemunhas - até olhar para o lápis ainda em suas mãos. O lápis estava totalmente roído! Mesmo sem ter escrito uma só palavra ele tinha sido seu aliado e sua única testemunha.
Palavras que nascem no coração pousam no papel como pétalas perfumadas, um beijo delicado ou ousado, um sorriso tímido ou um riso escancarado, lágrimas cristalinas como águas de uma cascata, uma luz suave... Desenham amores, saudades, dores, amizades, novos caminhos, novas paisagens...
Palavras áridas, ferinas, violentas e cruéis nascem nos pantanais da alma, das entranhas das emoções mais primitivas do ser humano. Quando não rasgam o papel, imprimem marcas, nódoas, sombras mal cheirosas. Contaminam, ferem, machucam, entristecem, magoam, revoltam...
Uma folha de papel em branco, um lápis nas mãos nervosas e palavras que se combatiam em sua mente. Palavras que até então não faziam parte do seu vocabulário irrompiam com a força do mar em fúria. Marta espumava como um cão raivoso enquanto batia com o lápis na mesa, girava-o entre os dedos, trincava-o com os dentes. Não admitia pôr no papel toda aquela sujeira. Não aceitava assumir todo o lixo emocional que emergia do seu interior.
Não sabe quanto tempo levou para sair deste transe que lhe tomou o corpo e a alma. Foi um longo período de confronto com aspectos seus que desconhecia – aqueles que ela considerava feios e vergonhosos - e justamente por isto foram inconscientemente escondidos. Tinha sido tomada pela sua metade rejeitada e alienada e, pela primeira vez após o período de embate com ela, rendeu-se, aceitou-a e se sentiu plenamente humana. Estava exausta, mas inteira. Sentiu-se aliviada por travar esta luta consigo mesma sem testemunhas - até olhar para o lápis ainda em suas mãos. O lápis estava totalmente roído! Mesmo sem ter escrito uma só palavra ele tinha sido seu aliado e sua única testemunha.