Ecos do Passado
 
Quatro mulheres se uniram em um projeto comum: restaurar a memória da escola mineira do século XX, colhendo depoimentos em variadas localidades de nosso Estado. Uma dessas mulheres é Maria Mello Garcia, a Lia, que tem uma filha que mora em Lavras. E a filha dela freqüenta a mesma cabeleireira que eu. E foi assim que nos conhecemos, a Lia e eu.

Lia também ficou sabendo que eu era a responsável pela Cultura da cidade. E que um de nossos programas era “As Meninas Cantoras de Lavras”. Sua linda neta é uma dessas meninas. Então Lia achou que eu estava de bom tamanho para escrever como sua convidada, o meu testemunho. E chamou-me para escrever a minha história. Aceitei, é claro, e escrevi o texto Memória da Escola, onde conto as minhas experiências como aluna em uma escola multisseriada, as Escolas Reunidas Padre Francisco Rey em Arantina, MG. Material entregue, assunto esquecido. E o tempo passando.

Domingo passado o telefone toca. Eu estava de saída, ia para a Praça prestigiar a apresentação da Hora do Recreio, programa que leva os alunos das escolas municipais até a Praça para mostrarem seus talentos. Ao telefone era a Lia. Queria trazer-me um exemplar do livro. Ainda tinha um pequeno espaço no meu tempo e ela veio me trazer os livros. E agora um exemplar está em minhas mãos e eu o observo encantada. Ainda não o li, farei isso aos poucos, um texto de cada vez.

As outras organizadoras são Maria Therezinha Nunes, que é também a coordenadora. Maria das Graças Silva Teixeira e Therezinha Andrade. A primeira edição tem vários patrocínios o que permitiu que o livro ficasse bonito, bem editado. Trinta e três memorialistas contaram a sua visão da escola. Fomos dispostos em ordem alfabética. Abrindo a troupe, está lá, Affonso Romano de Sant’Anna. Pelos caminhos vou me deparando com vários educadores de renome. Eneida Maria de Souza, Magda Soares, Therezinha Casassanta e Zenita Guenter E não educadores, como Jaime Prado Gouvea, escritor e diretor atualmente do Suplemento Literário do Minas Gerais, órgão oficial do Governo do Estado, Patrus Ananias, político petista de nível nacional, Ministro de Lula e Prefeito de BH e a artista plástica Yara Tupinambá.

Dentre todos esses nomes um deles me é especialmente querido: Zenita Cunha Guenter, tal como eu muito cedo emigrada para Lavra., Durante o período em que fui Secretária de Educação do Município iniciou com o patrocínio da Prefeitura um programa que se tornou internacional: O CEDET, que trabalha com aquela pequena percentagem de alunos bem dotados (3%). – E eu não posso esquecer-me de minha pequena Fabiana, então frequentando as oficinas organizadas por Zenita e hoje fazendo PHD na Cornell University.Portanto, entre Zenita e eu, uma ligação que nunca se romperá.
 
Mas, o livro tem falhas. Uma delas me deixou especialmente triste: o nome de minha pequena cidade foi escrito de forma errada. E embora Lia tenha se proposto a corrigir um a um os exemplares que ainda não foram distribuídos, dói ver que quase ninguém conhece a minha doce terrinha. Também sou citada como sendo Secretária de Educação e Cultura por duas vezes, o que também não é verdade. Fui, por uma vez. Agora, pela segunda vez, eu chefio o Departamento de Cultura. O que está de muito bom tamanho.

Sei que um dia esse livro terá valor. Será usado como fonte de pesquisa. E todos que o consultarem conheceram  as histórias que vivi naquela pequena escola. E o nome de minha doce Zara, a professora querida, estará imortalizado.