VOLTANDO A SER MENINA
De: Ysolda Cabral
Minha característica principal é o bom humor, a alegria, o riso fácil... E, quando fico triste e chateada essa característica fica ainda mais acentuada.
- Sempre achei que “curtir” tristeza não valia à pena.
Entretanto, ultimamente, ando com certa dificuldade para “driblar” as decepções, a falta de sonhos, a falta de esperança, a falta de boas notícias...
Começo a olhar a vida de forma diferente... Será que estou ficando gente grande?
- Não quero ser gente grande!
Por onde anda a menina de sorriso franco que incomodava tanta gente?
Por onde anda a menina que não dava bola pra tristeza?
Por onde anda a menina que, quando ouvia a mãe falar vou chamar seu Davino (pedreiro), na pressa em agradá-la, corria e chamava o Sr. Otaviano o sapateiro?
Por onde anda a menina que andava de bicicleta; caia, levantava, e, mesmo com os joelhos arranhados e sangrando, continuava a pedalar como se não estivesse a sentir nada, mesmo com lágrimas rolando?
- Ah, preciso daquela menina de volta!
Ser gente grande não tem nenhuma graça.
Foi me sentindo assim que cheguei em Mirtes, a minha cabeleireira amiga e psicóloga.
E, sob os protestos dela e de outros que estavam ali, mandei que passasse a tesoura nos meus cabelos, os quais estavam bem crescidos. Quase no ombro e com fios retos.
- Eu os queria longos até ontem...
Depois de cortados bem curtos, num é que me achei bonita?
Peguei emprestada a bicicleta de Rosilda e saí pedalando...
Tinha voltado a ser menina.