(((_CONFISSÃO III__)))



Menina, mulher, criança...faces tantas, muitas em uma, feita de partes inteiras, quando uma parte de mim é poesia e a outra é prosa que despreza a rima. Uma parte quer explicação e a outra desconstrução. Uma parte quer o racional e a outra não se importa com responsabilidade. Te mostrei que sou várias. Te contei que meus personagens não existem, que não projeto no futuro o agora, faço das minhas histórias pura ficção. Fujo do destino enquanto me escondo atrás do muro do efêmero, construo sonhos e também um pouco de ilusão...tantas reticências que me vestem se soubesse me sentir, ao invés de preferir ir além do permitido, se jogando no abismo entre tolos conflitos...seguimos então direções distintas e contrárias.
Quase sempre tem horas que me sinto mar. Não acolho canoa e nem deixo entrar barco pequeno, mas recebo bem os intrusos, não deixo quem não sabe nadar, brincar nas minhas ondas. Jogo com a vida, sendo paz e paciência, sendo grito e intolerância, sou simplesmente extrema. Sou muitas para ser uma só, sem alma pequena.
Mas, respeito as pessoas abastecidas com vida vivida, sou democrática e não cobro a entrada. Deve ser por isso que você entrou, com tantas qualidades escondidas e levou lá para o fundo da alma a paz que guardei aqui, na beirada, na bruma leve das sensações.
Gosto do seu sorriso tímido que te dá um ar de inocência quase infantil. Gosto de sentir que o mundo poderia acabar enquanto estamos guardados dentro do nosso castelo erguido em cumplicidade. Somos cúmplices de pecados que não se confessam, somos aliados criando uma história, escrevendo um livro, filmando um conto, aumentando os pontos.
Sempre gostei dos jogos, do desafio, de te segurar com força e depois te soltar devagar enquanto sinto que você queria estar nas minhas mãos. E daí, a vida me fez querer voar de novo. E você abriu a porta da nossa cumplicidade, testou os meus limites, encontrou um novo desafio. Fui e quando voltei notei o seu conforto, a sua compreensão e me ofereceu o amor em devoção, e por fim percebi que enquanto voei foi através de tuas asas e que teu amor fora sempre a minha direção...o horizonte de minha paz, o silêncio que me satisfaz, a verdade que quero sempre mais.
Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 09/11/2010
Código do texto: T2605034
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