AQUI ESTOU E AQUI ESTAMOS NÓS
Não sei por que nos últimos dias ando com uma vontade de escrever assim de repente, como se escrever fosse tão importante como transpirar já que não tenho transpirado muito e sei que é ausência de movimentos e ações saudáveis para o corpo. Então, neste pouco transpirar, o que tenho eu feito de bom? Poderia compensar com as letras a pouca movimentação do corpo? Na verdade só sei que a leitura de uns textos são verdadeiros elixires para outros e aqui vai mais um.
Que textos andei lendo? Não vou interromper essa linha voltando lá atrás no tempo para reportar aqui minhas leituras, mas acabei de ler Zélia Freire falar de suas inquietudes e umas conclusões de uma psicóloga. Confesso que esta me levou a abrir imediatamente mais uma página do meu desejo de escrita e aqui estou.
Este “aqui estou” me fez lembrar uma frase de um patrão que me buscava na estação de trem do interior de Nova York. Sempre ao chegar na garagem de sua casa onde eu trabalhava como baby-sitter, a frase se repetia: “Here we are”. Claro que naquele tempo, não achava que aquela frase tinha urgência ou carência de tradução. Pensava que era algo dito por dizer. Mas eu entendia a frase dele assim na minha cabeça: Finalmente chegamos! Se não fosse isso não tinha importância, considerava um suspiro de chegada, pois era algo que não pedia resposta. Eu sabia disto pelo seu olhar que nunca estava exatamente em minha direção. Em seguida ele se desfazia do cinto de segurança e possuía o semblante de quem havia vencido mais um dia sem precisar portar nenhuma arma. Era um bem sucedido executivo de Manhattan.
Da garagem eu seguia para meus aposentos onde guardava meus pertences e descia para cumprimentar a mais simpática das patroas que alguém já teve neste mundo. Já esta fazia questão de que eu entendesse cada palavra que ela me dizia. E quando ela duvidava da minha compreensão, ela fazia mágica com as explicações e a tudo eu entendia. Portanto, quando Zélia Freire pergunta em sua crônica Dá para entender? A resposta é sim! Dá! Entendemos tudo o que queremos. Pois é... mas voltando ao aqui estou e ao here we are, essa crônica acabou e espero que você tenha gostado. Afinal, com “aqui estou” e “aqui estamos nós” parece que o mundo realmente nos pertence.