Saudosa Vó Josa
Me sentava frente a porta. Olhos na panela. Bolinhos de feijão enrolados na mão. Quer? Como dizer não. Terreiro. Terra batida. Minha vó Josa pra toda vida. Fama de brava. Mas todo mundo a respeitava. Dez filhos. Um marido. História de batalhas. Últimos meses... redenção. Entreguei pra ela meu coração. A cada minuto com ela passados nossas diferenças nos uniam. Como um prelúdio dos dias que viriam. Tempo de prosa de alegria. Com ela a família era muito mais unida.
Poderia até não ter ido a escola. Mas jogava escopa com ela. Conta aqui... Conta ali... Pronto, perdi! Já era.
Ah, que saudade daquela minha vó brava. Que pra minha mãe me dedurava. Pegava no meu pé. Me xingava... me amava... me servia aquele seu gostoso café que eu tanto apreciava.
Criou sua família ali. Em meio as mangueiras, um pé de corante, laranjeiras. Um rio passava do lado. Água limpa. Onde sua roupa antigamente lavava. E com o tempo até seu nome ele levava. Ribeirão da dona Josa como é conhecido até então.
O tempo foi passando e o mal se aproximando. Ela carregava consigo uma enorme carga. Que iria atingir nossas almas. Tinha uma doença. O seu nome era chagas. A mesma que a tirou de minha presença.
Saudade dela. Eterna vó Josa. Uma mulher intensa. uma mulher da época.