Tantas Músicas

A salvação, ou talvez a descoberta inédita, tão anunciada e divulgada, teria chegado? Na forma de olhos que sorriem, e de trejeitos convulsivos quando o corpo desaba em sono. De vitalidade e intensidade. Finalmente aqueles versos de Tom Jobim fariam sentido. Mas estou errado. Não há Salvação, ainda mais assim, em maiúsculas, que cairá dos céus sob seu colo. Talvez nem haja salvação, em minúsculas. humilde minúsculas.

E acordarei todo santo dia com o coração pesado, com o sabor amargo da vida morta na minha boca, face dura. E todo dia será aquela mesma batalha chata de sempre. Também terei que esperar para cantar, efusivamente, com um copo gelado de cerveja nas mãos, os versos de David Gray, ou talvez nunca os cantarei. E ela estará lá, sentada numa poltrona oposta à minha cama, me vigiando, ternamente, já quando abro os olhos lentamente e absorvo a luz do dia.

Nos "frames" da minha vida, ela sempre está presente, mesmo que escondida dentro de uma multidão. Apenas de olho. De vez em quando me visita mais prolongadamente. Passa pela minha tarde. Ou às vezes pelo dia inteiro. E ela receberá todo meu ódio em seus braços reconfortantes e compreensivos. Tantas músicas que tenho ainda de cantar. Wallflowers. Martika. Marillion. Tom Jobim. Eels. George Harrison. Pearl Jam. Black Crowes. Beatles. Beach Boys. Coldplay. Até Cindy Lauper. Muitas. E esperança de poder cantá-las.

Gabriel Santorini
Enviado por Gabriel Santorini em 21/10/2010
Reeditado em 21/10/2010
Código do texto: T2569823
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.