AS DORES DA ALMA
Inicia com uma sensação de vazio. Olhamos para os lados, pensamos nas coisas externas e não encontramos causas palpáveis. Não é nada material. A tristeza vem do interior da alma, penetra nosso íntimo, traz desânimo, falta de motivação, de vontade. Perdemos a interação com o mundo exterior, nada tem graça. Temos vontade de enfiar a cabeça em um buraco, feito avestruz. Vontade de não sair do quarto, de não ver e nem falar com ninguém. Daí para pensamentos de morte, de autodestruição, de desesperança e falta de fé, é um passo.
Falta o gosto pela vida. Alguns tentam fugir da angústia, afogando-se na bebida, nas drogas, na comida. Outros exageram nos medicamentos. O processo de ir ao fundo do poço pode não ter volta.
Quase todos nós temos coisas mal resolvidas, decepções, dificuldades que, com o tempo, viram monstros. Fazemos planos que não se concretizam, sofremos revezes financeiros, sofremos problemas de saúde ... Desestruturamos emocionalmente quando criamos falsas expectativas sobre uma pessoa, expectativas que não se cumprem, que nos decepcionam. E as pessoas que trazem no âmago da alma um sentimento de tristeza e melancolia, sofrem mais.
A depressão é, infelizmente, tratada apenas como assunto exclusivo da medicina e da psicologia. Mas nenhuma dessas áreas têm capacidade para dizer o que são as dores da alma. Porque a alma não é algo concreto, visível, mensurável. A depressão é o grito da alma pedindo socorro. É aí que mora o perigo: a busca do refúgio nas drogas para aplacar a frustração. Não é a solução, é apenas a tentativa de fuga de uma vida que perdeu o sentido.
A depressão tem cura. Mas, para isso, é necessário refazer o caminho, buscar a ligação com o espírito, a responsabilidade conosco mesmos. É rever a finalidade de nossa vida no mundo, readquirir o respeito e o amor próprios. É acreditar que algo mais existe, que fazemos parte de um Plano Maior.
E, antes de tudo, reencontrarmos a esperança. Porque, se perdermos a esperança, perdemos a vida e, perdendo a vida, perdemos os seres que amamos. E quem pode saber o que nos espera na espiritualidade, quando o véu se fechar para a visão daqueles que nos amam? Sacudir a poeira, limpar as teias da alma enquanto estamos aqui, visíveis, aproveitando as oportunidades que o Criador nos dá de convivermos com nossos afetos e acertarmos as contas com os desafetos do passado. Este é o caminho. Tomara todos os homens consigam trilhá-lho.